Demorou, mas o Planalto finalmente entendeu. Na manhã desta terça-feira (6), o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, admitiu que o discute com a Petrobras uma nova política de reajuste de preços dos combustíveis. Em entrevista à rádio CBN de Ribeirão Preto, o ministro só acrescentou que o objetivo da nova política é evitar que o consumidor seja prejudicado pela oscilação brusca do preço do petróleo no mercado internacional. Como sabe que a declaração é inflamável, avisou que não há hipótese de controle artificial de preços.
Além do excesso da frequência dos repasses, o que fez muitos brasileiros perderem a referência do preço da gasolina, a nova política de preços da Petrobras coincidiu com uma fase de escalada na cotação internacional do barril de óleo cru. Como é a matéria-prima dos combustíveis, elevou o parâmetro da estatal para fixar seus preços no Brasil.
O efeito foi desastroso: até os índices de inflação oficiais, medidos pelo IBGE, que seriam um trunfo para o governo por terem descido a um dos menos níveis da história recente do país, foram contaminados pela suspeita de manipulação, porque a população simplesmente não acredita que as altas constantes nas bombas não se reflitam no IPCA. Até especialistas geralmente simpáticos à estratégia de flutuação de preços conforme o mercado protestaram.
A pressão era tanta que, a poucos dias, o presidente da Petrobras, Pedro Parente, deu uma declaração pouco usual para seu estilo. Afirmou que a resposta para o alto preço da gasolina no Brasil "não está na Petrobras". Por mais que Parente esteja certo – a responsabilidade pela elevação está no crescente preço do petróleo –, a estatal exagerou na dose. Agora, o governo entendeu que, se a estratégia ajuda a empresa, atrapalha a vida do cidadão.