Sem qualquer sinal efetivo de uma decisão que encaminhe processo de venda ou uma alternativa para socorrer suas finanças, a CEEE-Distribuição mostrou, nos números do terceiro trimestre, novos sinais do quadro de agonia. No acumulado do ano até setembro, apontou o balanço que saiu na terça-feira, o prejuízo soma R$ 76,2 milhões. A geração de caixa, também conhecida como Ebitda, estava negativa em R$ 81 milhões no encerramento do primeiro semestre e, agora, o número vermelho dobrou, para R$ 161,7 milhões.
No terceiro trimestre, isoladamente, o balanço até mostra lucro líquido de R$ 205,4 milhões, mas não é algo para se empolgar. O resultado, apenas contábil, tem impacto de R$ 316 milhões de diferimentos de Imposto de Renda e contribuição social. Nada que possa significar reversão de expectativa quanto à exigência da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) de a companhia se manter com as próprias pernas, condição para afastar a ameaça de perda de concessão. Os seus custos, tanto com a operação quanto com dívidas, seguem bem acima do que a empresa arrecada com o negócio de distribuição de energia. A agência reguladora exige que se mostre sustentável, com caixa positivo suficiente para fazer os investimentos exigidos pelo contrato de concessão e pagamento dos juros da dívida.
A CEEE-D tem mais passivos do que patrimônio. Ter cassado o direito de fornecer luz para 72 municípios gaúchos seria a pá de cal. É o único ativo de real valor.
A receita bruta nos nove primeiros meses de 2017 caiu 14%, para R$ 3,57 bilhões. Com a fuga de consumidores do mercado cativo de energia para o livre, economia claudicante e o reajuste tarifário negativo da empresa no final do ano passado, a própria companhia estima que, em 2017, vai perder R$ 1 bilhão em receita. Enquanto a empresa sangra, segue o impasse entre os palácios Piratini e Farroupilha.