Doses extras de especulação e nervosismo voltaram a fazer o dólar subir nesta sexta-feira (3), mesmo depois da definição favorável – do ponto de vista do Brasil – para o Federal Reserve (Fed, banco central dos Estados Unidos). Imagine-se onde chegaria a cotação se o escolhido por Donald Trump tivesse sido outro que não Jerome Powell, visto como defensor de alta de juro gradual.
Analistas atribuíram a alta à combinação entre o resultado acima do esperado no setor de serviços nos EUA – atividade forte favoreceria futuras altas no juro – e especulações em torno do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles. Uma nota no jornal O Globo antecipou informações do perfil de Meirelles que será publicado na revista Piauí. Informa que ele recebeu R$ 180 milhões da holding J&F, dona da JBS, entre 2012 e 2016 – antes de integrar o governo Temer. Uma de suas atribuições foi a montagem do banco Original, digital.
Além disso, a revista revela que, no período em que foi presidente do conselho de administração da J&F, entre 2014 e 2016, Meirelles teria assinado atas de reuniões que não ocorreram – como ele mesmo informa na reportagem de Malu Gaspar. Foco de especulações sobre sua candidatura à Presidência nas últimas semanas, Meirelles teria apoio certo do mercado financeiro. Qualquer informação que fragilize essa possibilidade, portanto, será mal recebida, como ocorreu nesta sexta.
Depois da reação inicial mais intensa às novidades internas e externas, dólar e bolsa fecharam de forma mais benigna do que rodaram durante o dia. A bolsa teve até ligeira alta, de 0,22%, enquanto a moeda americana, que havia orbitado os R$ 3,37, fechou em R$ 3,30. Ainda assim, acumula alta de 10% em poucas semanas e fechou na maior cotação desde julho. No final do ano, com compras de importados a serem pagas e férias em planejamento, é um susto e tanto.