Anunciado no final da tarde desta quinta-feira (2), o próximo presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos), Jerome Powell, tem potencial para acalmar o câmbio no Brasil. Nas últimas semanas, especulações sobre o substituto da atual presidente, Janet Yellen, ajudaram a pressionar a cotação do dólar em relação a várias moedas e, de forma mais acentuada, ao real.
Ajudou a valorizar a moeda americana possibilidade de que a escolha de Donald Trump recaísse sobre outro candidato apontado como favorito, John Taylor. Ele é considerado hawkish – a imagem do falcão (hawk) é associada aos defensores de juros mais elevados. Powell, por sua vez, é visto como sinal de continuidade à gestão serena de Yellen, que começou a elevar a taxa básica nos EUA de maneira previsível e gradual.
Powell só assume em fevereiro de 2018, mas é precedido pela imagem de construtor de consenso. Ao perfilá-lo, o jornal The Wall Street Journal contou um conselho que deu a um executivo em início de carreira alguns anos atrás: baixe a cabeça e trabalhe duro.
Em outubro, o dólar subiu 3% em relação ao real, maior alta mensal desde a posse de Trump, quando preocupações sobre seu discurso protecionista correram o mundo. Na véspera do feriado, quando as chances de Powell pareceram mais fortes, o dólar recuou um pouco no Brasil, mas segue mais perto de R$ 3,30 do que de R$ 3, como estava há menos de dois meses. Com Powell, anunciado por Trump como “forte, comprometido e inteligente”, há chance de menor pressão sobre o real. Só que o homem do muro já está aprontando outra: propôs corte de impostos para grandes empresas e fortunas.