Se havia dúvidas, uma publicação com peso para reduzi-las anunciou: sob o título O Homem mais Poderoso do Mundo, a edição desta semana da revista The Economist retrata o líder chinês Xi Jinping. Conforme a publicação, Xi tem mais "clout" – fama e influência – do que Donald Trump. Não se trata de adulação: recomenda que o mundo deve ver esse papel com cautela.
É uma espécie de certificação, 10 meses depois que Xi roubou a cena em outro reduto de poder planetário, o Fórum Econômico Mundial de Davos. Seu discurso, poucos dias depois do pronunciamento de posse de alto teor protecionista de Trump, dava sinais de que se apresentaria como candidato ao trono. A Economist reconhece Trump como “líder do mundo livre”, mas lembra que seu apelo no Exterior é “estreito” enquanto não consegue desenvolver sua agenda doméstica.
É bom lembrar que, conforme o ranking do Banco Mundial, o PIB da China (US$ 11,2 trilhões) ainda corresponde a 60% do dos EUA (US$ 18,6 trilhões). Ainda assim, boa parte da retomada do crescimento global tem sido erguida com a força de yuans (ou renminbis), não de dólares.
O mundo não quer o isolacionismo nos EUA ou uma ditadura na China. Infelizmente, pode ter ambos.
The Economist, revista britânica
Ao comparar Xi e Trump
O Brasil testemunha esse fenômeno, assim como o Rio Grande do Sul. Até a Economist notou que obras de energia, ferrovia, portos – infraestrutura, basicamente – tem sido tocadas com dinheiro chinês. Isso dá poder.
No capítulo “razões para temer”, a principal é óbvia. Xi considera normal concentrar poder sobre 1,4 bilhão de chineses em uma só pessoa. E conclui: “o mundo não quer o isolacionismo nos EUA ou uma ditadura na China. Infelizmente, pode ter ambos”. Em tempos de relativização dos benefícios da democracia, é bom prestar atenção.