Impressionante como acumulamos palavras em frases, em primeiros poemas tímidos, em retorcidas imagens moderníssimas, tudo listrado, tudo xadrez, tudo tão longe... por favor, não quero assim.
Quero sossego.
Quero solidão plena de afeto e aquela florzinha cor-de-rosa de alegria.
Mas ao meu redor revoam frases em geral não muito generosas: “Olha a cara dela! Se achando a tal!” “E ele com seu carrão!” “Já trabalhei naquela empresa e me demiti porque o chefe estava a fim da minha mulher”... “Quem disse que político não presta? Pura inveja!” “Vou votar nele apesar do nojo...”
Frases burras, frases cretinas, rancorosas, amargas. Poucas solidárias. Poucas úteis. Poucas que iluminam.
Somos coelhos assustados correndo num mundo que se desorganizou ainda mais?
Eu queria frases e fases harmoniosas, ao menos sugestivas.
Mas vejo minhas bebês Melanie e Penelope imaginando que cara triste a mãe faz neste universo burocrático do qual não quer saber, mas ao qual pertence. RG, CPI, CIC, INSCRIÇÕES a,b,c,d.
Quem está dodói devia ter suspensão imediata de todas as chatices. Nem pensar. Tudo empilhado, cabeça vagamente confusa. Filho, filha, amigos ajudam, e nora como ajuda.
Mas eu quero dormiiiiiiir.
Hoje a coluna é brevíssima, mas fiel aos meus amados leitores. Sorry, da outra vez será melhor, vou até aceitar listras e quadradinhos.