Estar em casa: depois de mais uma estada de alguns dias no Moinhos, mais uma volta para casa.
Me disse uma amiga que, em geral, chegar em casa, mesmo depois de uma viagem deslumbrante, provoca sentimentos ou exclamações como “nada melhor do que a casa da gente!”.
Não é bem verdade, mesmo em casas felizes são momentos, memórias ou fantasias. Um cálice de vinho na piazza em Veneza não é pior do que o espumante na sacada de casa, mas certamente há a sensação de enfim chegar de volta a um lugar talvez definitivo, aconchegos de longo tempo, lembranças boas – que às vezes a gente tem de mandar para o diabo.
Nessas noites no hospital, às vezes meio adormecida, eu acariciava a coberta macia e, por um instante, jurei que era o doce pelo de minha lulu Penélope.
Imitando Mario, direi que minha casa deve estar dentro de mim. Muito poético.
Muitas vezes nem sei quem é essa aqui dentro, tantas vezes conflitada, cansada, doente, impaciente.
Mas estar encolhida sob as cobertas com chuva e ventania lá fora não tem preço: é como chegar em casa depois de um triste exílio.