Marcelo Segurado, 58 anos, ainda não se encontrou com o inverno gaúcho. O executivo desembarcou em outubro para assumir o cargo no Caxias e, até agora, só sentiu o calor parecido ao que experimentou em sua Goiânia e no Nordeste, onde fez boa parte de sua trajetória.
Segurado espera que o inverno o encontre com a taça do Gauchão no armário no Centenário e, claro, com um time robusto para buscar a obsessão do clube, o acesso à Série C. Por telefone, ele conversou com a coluna.
O que mudou do Caxias que deixou escapar a vaga na Série C para este de 2023?
Do grupo de 2022, ficaram o André, goleiro, o Jonathan, lateral, o Marlon, volante, e o Bustamante, meia-atacante. Fizemos 21 contratações. Primeiro ponto observado por mim ao chegar aqui foi entender a ideia de jogo do treinador, saber o que queríamos e qual o modelo adotado em campo. Isso compreendido, definimos que teríamos um grupo não só para o Gauchão, mas para a Série D. Em dezembro, estávamos com 90% dele pronto. Tanto que, em janeiro, chegaram apenas o Marcão, centroavante, e o Wesley, atacante
Qual foi o perfil de jogador buscado?
Fomos buscar um perfil já pré-definido. Sempre traço três pontos para contratar: perfil profissional do atleta, com seu extracampo, histórico de lesão e minutagem na temporada; o aspecto técnico, evidentemente, que encaixe na proposta do técnico; e a questão financeira, para ver se está dentro do orçamento que me foi passado. Em cima disso, passamos a conversar, eu e o Thiago (Carvalho, técnico) em cima de nome, monitorando, conversando com outros profissionais. Chegamos, assim, aos atletas que estão aqui.
Qual o orçamento que foi passado?
Não sei se a direção me autoriza a divulgar esses números. Mas é quase equivalente ao do ano passado.
Em cima do perfil de atletas, o Caxias tem buscado de forma obsessiva o acesso à Série C. Vocês buscaram jogadores com esse histórico?
Avaliamos o grupo de 2022. O Caixas bateu na trave três anos para subir. Ficou nítido no jogo decisivo contra o América, em Natal, a falta de ambição ou até mesmo de experiência (dos atletas). Pensamos, a partir disso, mesclar um grupo que tivesse jogadores jovens, com força, e também nomes experientes, que tenham passado em grandes clubes e disputado Séries A e B, com bagagem. Que não se impressionassem em situações de enfrentar um Inter de peito aberto um Grêmio, um Juventude. Buscamos jogadores com perfil de liderança e experiência de vitórias.
Qual o mercado em que centraram o olhar?
Buscamos jogadores na Série B. Eu rodei muito o Brasil a trabalho, estive muito tempo no Nordeste. Foram quatro anos no Ceará, em que participei da reestruturação, estive no Santa Cruz. Sou de Goiás, assim como o Thiago, mas temos poucos jogadores de lá.
Vieram jogadores pouco conhecidos aqui no Sul. Vocês imaginavam um resultado tão rápido?
Procuramos montar um grupo vencedor. Fizemos todo o processo de pré-temporada, começamos em 21 de novembro. O que vemos hoje no Gauchão é o que esperamos na Série D. Claro, pelo desempenho coletivo, surgirão destaques individuais. Temos atletas que estão em destaque no mercado. Há possibilidade de termos os melhores goleiro, zagueiro, extrema e melhor treinador do campeonato. Estamos preparados para o assédio. Entramos falando em ser campeões gaúchos.
O quanto esse sonho é distante?
Tem de transgredir os dogmas, passar por eles. Quem sabe teremos o Caxias mais uma vez campeão gaúcho.
O Caxias tem aporte de investidor. Que estrutura você encontrou no clube?
É uma estrutura simples, mas funcional. Tem um estádio bem cuidado, bom, mas precisamos de mais investimentos. Faremos de forma gradativa. Quando cheguei ao Ceará, não havia estrutura de departamento médico, fisiologia, academia, nutrição. Tudo isso vai-se contemplando com o tempo. Cheguei aqui com uma estrutura simples que tentamos tornar funcional.
O que já foi feito?
Havia, por exemplo, um fisioterapeuta. Hoje, são dois. Não havia auxiliar técnico e de preparação física da casa. Hoje, já temos. Isso vai dando melhor condição. Na medida em que o clube avança, entra na Copa do Brasil, por exemplo, começam a entrar recursos, que precisam ser deslocados para investimento, tanto em estrutura física quanto em capital humano.
Qual sua perspectiva para o jogo de domingo, no Beira-Rio?
A mesma da semana passada. O Inter foi vice brasileiro em 2022, manteve base e um técnico que dispensa comentários. É um time que tem modelo de jogo diferente ao do Caxias, o que permitirá aos dois times jogarem. O Caxias gosta da bola, o Inter já deixa a bola com o adversário para sair em transição rápida. Espero uma partida jogada como a do Centenário, de trocação, emocionante. Espero também que a arbitragem não cometa os erros que vem se repetindo contra nós, como foi nesse último sábado. Tivemos pênalti claro em cima do Eron. Poderíamos estar melhores não fossem os erros de arbitragem.
Por fim, o que você pode falar do trabalho diário com o Thiago Carvalho?
Sem medo de errar, é dos mais promissores dessa nova geração, que tem nomes como o Thiago Carpini. São treinadores que adotam modelo em que se joga futebol. O Thiago é extremamente tático. Se o jogador entender a proposta dele, se sobressairá individualmente. Vejo o Thiago com futuro enorme pela frente, é um prazer conhecer o trabalho dele tão de perto.