O Grêmio criou um problema para si: terá de viajar até Quito apenas para cumprir uma formalidade. A vaga para a próxima fase da Libertadores foi garantida com o 6 a 1 sobre o Ayacucho. Pode-se dizer que ainda foi pouco. Se tivesse sido sete ou oito, ninguém acharia exagero. Pelo menos quatro chances claras foram desperdiçadas.
A diferença técnica entre os dois times é como daqui até o Peru, e uma viagem ainda seria pouco. Renato, assim, ganhou a oportunidade de dar descanso para seus principais titulares e levar a Quito, na partida de terça-feira (16), alguns garotos para que ganhem rodagem.
Mesmo com a diferença técnica, a partida contra os peruanos serviu para escancarar a crise técnica dos goleiros na Arena. Paulo Victor falhou na final da Copa do Brasil e acabou até retirado da estreia na fase inicial da Libertadores. Vanderlei, cuja confiança foi liquidada por perder a vaga justamente antes das partidas contra o Palmeiras, reassumiu a posição contra o Ayacucho. Conseguiu falhar duas vezes. Uma no primeiro tempo, com uma saída vacilante que acabou não sendo aproveitada pelos peruanos, e a outra no segundo, quando levou o gol. Numa noite perfeita para recuperar o ânimo depois da perda do título em São Paulo, o goleiro saiu ainda mais chamuscado e, possivelmente, esteja encurtando sua trajetória no Grêmio.
Vanderlei foi a única nota baixa numa partida com cara de treino, tamanha a facilidade para jogar e construir as situações ofensivas. O que permitiu a alguns jogadores confirmarem seus bons momentos. Vanderson se adonou da lateral direita. Ainda mais que teve pouco trabalho na defesa. No meio-campo, Pinares repetiu a boa atuação que teve contra o Brasil-Pel, pelo Gauchão. Ferreira, titular na vaga de Pepê, teve seus bons momentos e, outra vez, marcou gol. Guilherme Azevedo, beneficiado pela nova política de aproveitamento da gurizada, entrou no segundo tempo e também fez o seu. Marcar em uma competição como a Libertadores ajuda a dar confiança a quem recém começa sua trajetória.
A noite também teve três gols de Diego Souza, que aumentou para 31 sua marca nesta segunda passagem pelo clube, como centroavante. Aliás, um jogador fazer três gols pelo Grêmio é algo que não acontecia desde 2017. O último havia sido Cebolinha. Foi uma noite em ritmo de treino, contra um rival que brigaria na parte de baixo do Gauchão — e estou sendo generoso com o Ayacucho. Mas sempre é possível tirar conclusões. Para o bem, como mostraram Pinares e Vanderson, e para o mal, como foi o caso de Vanderlei.