Uma pioneira indústria de derivados de petróleo começou a operar há 90 anos em Uruguaiana, na Fronteira Oeste. Inaugurada em 26 de novembro de 1934, a Destilaria Rio-Grandense foi o embrião da gigante Ipiranga. Pela primeira vez no Brasil, foram produzidos em escala industrial gasolina, querosene, óleo diesel e óleo combustível.
O empreendimento reuniu o pecuarista e comerciante brasileiro João Francisco Tellechea, o argentino naturalizado brasileiro Eustáquio Ormazabal e os argentinos Raul Aguiar e Manuel Morales. Nas margens do Rio Uruguai, no lado do Brasil, construíram a pequena refinaria, que processou inicialmente 400 barris por dia. A empresa atenderia o mercado gaúcho em um período de crescimento da frota de automóveis.
Os equipamentos para montagem vieram de Buenos Aires. O russo Estebán Polanski ficou encarregado do projeto de construção. Outro estrangeiro, o búlgaro Pedro Ivanoff Popoff, foi responsável pela operação.
Em complexa logística, o petróleo partia do Equador em navios que contornavam o sul do continente e atracavam em Buenos Aires. A matéria-prima seguia de trem até Paso de los Libres, na fronteira com Brasil. Na última etapa, cruzava o Rio Uruguai em uma chata-tanque.
O negócio sofreu um duro golpe em 1936, pouco mais de um ano após a inauguração. O governo argentino proibiu a reexportação de petróleo, impedindo a saída para o Brasil do produto que vinha do Equador. Os sócios buscaram alternativas para fazer a matéria-prima chegar a Uruguaiana.
A solução foi construir uma nova refinaria em Rio Grande, onde os navios poderiam chegar direto à unidade produtiva. Os sócios se uniram a outros empresários que planejavam abrir destilaria em Santana do Livramento. Em 6 de agosto de 1936, brasileiros, argentinos e uruguaios formalizaram em Porto Alegre a constituição da Ipiranga S.A. Companhia Brasileira de Petróleos.
A origem da Ipiranga está contada no livro Uma história de realizações: Empresas Petróleo Ipiranga 60 anos (Prêmio Editorial). Em Uruguaiana, a Destilaria Rio-Grandense operou até 1972.
