O Hospital de Pronto Socorro (HPS) de Porto Alegre completa 80 anos nesta sexta-feira (19). Desde 19 de abril de 1944, o prédio do Largo Teodoro Herzl, no bairro Bom Fim, virou o destino de pacientes entre a vida e a morte. O HPS é referência para episódios complexos de queimados ou acidentados, mas atende também casos simples, como crianças que precisam de dois ou três pontos depois de uma brincadeira malsucedida na escola.
Como jornalista, já entrei muitas vezes no hospital ou fiquei na recepção em busca de informações. Como pai, cheguei às pressas três vezes com meus dois filhos. Em duas situações, cortes no rosto provocados por quedas em casa. Na terceira, um dedinho da mão que parecia estar esmigalhado pela porta do apartamento, mas que resultou apenas na perda de uma unha.
Nessas passagens pela emergência, não esquecerei da história de um menino, por volta dos 10 anos, que estava com um grão de pipoca no ouvido. Ele precisou vir de Sapiranga, no Vale do Sinos, depois do insucesso para retirada no posto de saúde local. No HPS de Porto Alegre, a solução foi rápida. Claro, vi outros casos muito mais graves e tristes.
Em milhares atendimentos por mês, o Hospital de Pronto Socorro de Porto Alegre é palco de muitas histórias. A construção do HPS começou na administração do prefeito José Loureiro da Silva, mas a inauguração ocorreu na gestão de Antônio Brochado da Rocha.
O embrião do HPS foi a Assistência Pública Municipal, criada pelo intendente José Montaury em 1898. Em relatório, consta que foram 70 atendimentos de acidentes em via pública no segundo semestre daquele ano, além dos socorridos em domicílio, das visitas médicas e dos curativos no posto. O serviço também recolhia corpos dos mortos na cidade. No primeiro ano, foram 366 atendimentos médicos e 180 verificações de óbitos.
A Assistência Pública funcionou no Paço Municipal, o antigo prédio da prefeitura, e imóveis nas ruas José Montaury e Coronel Vicente. Depois do socorro inicial, pacientes eram transferidos para hospitais.
Em 1939, o médico Bruno Atílio Marsiaj, diretor da Assistência Pública Municipal, propôs ao prefeito José Loureiro da Silva a criação de um hospital para agregar atendimento, ensino e pesquisa.
O HPS atende 120 mil pessoas por ano. Entre servidores e terceirizados, são 1,5 mil trabalhadores. Um investimento previsto de R$ 140 milhões permitirá a ampliação. A nova estrutura, junto ao prédio original, terá oito andares. Serão mais 110 leitos, que se somarão aos 95 atuais. A restauração da fachada do imóvel de 1944 deverá ser entregue até o final de 2024.
Na véspera do aniversário de 80 anos, estive no HPS para apresentar o programa Gaúcha Mais, na Rádio Gaúcha. No vídeo acima, veja os depoimentos da diretora-geral do hospital, Tatiana Breyer, e do médico Ricardo Breigeiron. Eles falaram dos atendimentos mais comuns e contaram histórias marcantes.
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