O bondinho de Tramandaí facilitou o acesso dos banhistas à praia no final da década de 1920. O balneário nasceu às margens do canal da laguna, portanto os hotéis e casas não estavam na beira do mar. Nos primeiros tempos, o difícil trajeto de aproximadamente um quilômetro nas dunas eram percorrido em carroças.
Na temporada de 1927-1928, chegou uma grande novidade, o bonde. Um automóvel Ford foi adaptado para andar nos trilhos e puxar vagões. No livro A Saga das Praias Gaúchas: de Quintão a Torres (Martins Livreiro), Leda Saraiva Soares recorda que o italiano Vitório Paschoal foi o primeiro concessionário da Empreza Carris de Tramandahy.
Os trilhos passavam em frente aos hotéis na Avenida Capitão Antônio Mariante, atual Avenida Emancipação. Quando chegavam perto da Barra de Tramandaí, faziam a curva e seguiam em direção à praia. Na primeira viagem da manhã, funcionários iam na frente do veículo para limpar os trilhos encobertos pela areia durante a noite.
Em fevereiro de 1928, o jornal A Federação noticiou os horários de circulação dos bondes: 5h às 7h30; 8h às 11h30; 14h às 18h; e 19h às 20h. Pela notícia, quatro hotéis de Tramandaí estavam repletos de hóspedes de todo o Estado naquele veraneio. O Hotel Sperb abriu um bar na praia, na área onde ficavam os banhistas.
Pela propaganda da Empreza Carris de Tramandahy em 1934, o serviço era oferecido de forma integrada com os hotéis, incluído na estadia. Os parceiros eram Parque Balnear Tramandahy, Pensão Gaúcha, Hotel Beiramar, Hotel Corrêa, Hotel Sperb, Hotel Kunz e Hotel Strassburger. O transporte era usado também pelas famílias que ficavam nas casas construídas em Tramandaí.
Com o tempo, o bonde começou a ser chamado de trenzinho. De acordo com Leda Saraiva Soares, durante a Segunda Guerra Mundial, por falta de peças para reposição, os veículos ficaram deteriorados, até sair de operação.
O transporte de veranistas continuou com os ônibus, que tinham laterais abertas e bancos de madeira. Na década de 1960, surgiu o icônico Dindinho, história que já contei na coluna.