Consumidores ficaram comovidos quando a Bala Juquinha deixou de ser produzida durante alguns meses em 2015. Por décadas, a marca fez muito sucesso, principalmente no Rio de Janeiro e em São Paulo. Poucos meses depois da parada da fábrica na Grande São Paulo, o doce voltou ao mercado com novo proprietário. O empresário carioca Antonio Tanque terceirizou a produção, que é feita desde então pela indústria gaúcha Florestal Alimentos, de Lajeado.
Em uma pequena empresa da cidade paulista de Santo André, fundada para fabricar refresco em pó, a bala surgiu em 1950. O criador foi o português Carlos Maia Picado, já falecido. Em entrevista à jornalista Liane Thedim, publicada pelo jornal O Globo em 2009, ele contou que chegou à fórmula final com ajuda de um ex-funcionário.
Sobre o nome, o português disse que estava na dúvida, com uma lista de 30 ou 40 opções. Em um dia, já aborrecido, sem saber o motivo, perguntou o nome do ajudante de um freguês. A resposta foi Juca. Logo, pensou em Juquinha, em função das crianças. Sem registro de produtos com este nome, ficou com a marca. Nas embalagens, colocou o desenho de um menino loiro.
A fama do produto foi tão grande que mudou o nome da empresa de Salvador Pescuma Russo & Cia. Ltda para Balas Juquinha Indústria e Comércio Ltda. Endividado, o português vendeu a fábrica, em 1982, ao italiano Giulio Sofio, que modernizou a linha de produção e ganhou mercado no exterior. Em 1994, a indústria empregava 110 pessoas e exportava para mais de 30 países. No ano anterior, a produção atingiu 3,6 mil toneladas. A bala na embalagem amarela, sabor tutti-frutti, sempre foi a líder de vendas.
O auge das vendas da Juquinha foi na década de 1990. Quando faltaram moedas no Plano Real, muitos comerciantes ofereciam a balinha de troco. Não que o troco com a bala fosse uma novidade, prática já comum nas décadas anteriores. Inclusive, ao questionarem o troco com outras marcas de baixa qualidade, surgiu uma expressão popular nos anos 60: "Quer me enganar? Me dá uma Bala Juquinha". Com o tempo, pessoas começaram a usar a expressão também em outras situações em que se sentem enganadas.
No melhor momento, a empresa empregou 200 pessoas para fabricar 600 toneladas por mês. Quando decidiu vender o negócio, Sofio queria negociar a fábrica e a marca. Não conseguiu. Em março de 2015, suspendeu a produção, demitindo os últimos funcionários em abril.
O empresário Antonio Tanque, que já distribuía as balas no Rio de Janeiro, comprou a marca e a receita, guardada a sete chaves.
— Ninguém conseguiu até hoje fazer uma cópia igual à Juquinha - garante o dono.
Além do potencial de negócio, Tanque foi movido pela memória afetiva, das lembranças da Juquinha na infância. Quando adquiriu a marca, ganhou um chaveiro de ouro no formato da bala. O italiano recebeu o objeto do português e repassou ao carioca.
A imagem do menino Juquinha foi modernizada pelo novo proprietário. Em Lajeado, a Florestal Alimentos produz seis sabores: tutti-frutti, framboesa, uva, morango, iogurte morango e maça verde. Da indústria gaúcha, sai a produção que lembra a infância de tantos consumidores.