O pronunciamento do ministro da Economia, Paulo Guedes, ao lado do presidente da República, Jair Bolsonaro , nesta sexta-feira (22) ratificou algo que qualquer bom entendedor, ainda que inexperiente na arena política, já havia percebido: quem manda é Bolsonaro, ainda que haja choro e ranger de dentes da equipe econômica.
E nada de novo no front. Fora assim no conhecido episódio em que o general Eduardo Pazuello chegou a anunciar a compra de vacinas da Coronavac, mas acabou desautorizado pelo chefe. "Um manda e o outro obedece", diria o futuro ex-ministro da Saúde na ocasião.
E não é natural que o chefe mande no subordinado? Por suposto que sim.
Contudo, convém lembrar que durante a campanha eleitoral, no distante ano de 2018, Bolsonaro expôs Guedes como seu oráculo da política econômica, sinalizando que toda a decisão passaria pela caneta do ilustre integrante "dream team" da Esplanada.
Não à toa, Guedes ganhou o apelido "Posto Ipiranga".
Nem mesmo Sergio Moro, estrela também exposta como do "time dos sonhos" — com direito a boneco gigante no Carnaval de Olinda —, venceu na queda de braço com o chefe. Bolsonaro trocou o comando da PF e Moro foi engolido pelo establishment, com o sufocamento da Lava-Jato apoiado também por bolsonaristas.
Moro caiu fora. Guedes ficou.
De braços dados com o chefe, o titular da Economia segue no comando da pasta, mas já com a imagem comprometida diante do mercado — dólar e Ibovespa que o digam — e dos congressistas, que estão cientes de que, se for bem puxada, a corda cederá a favor da política.