Tem uma frase das antigas - daquelas politicamente incorretas - que repórteres experientes costumam repetir, meio fazendo troça, meio falando sério, que é mais ou menos assim: “O jornalismo”, dizem os veteranos, “é como cachaça”. Pode causar dependência.
Pois um grupo de 11 grandes jornalistas - gente que fez história na imprensa gaúcha - decidiu levar a velha máxima para a mesa do bar e transformá-la em livro. Um baita livro, que, segundo um dos autores, Alexandre Bach, “desce suave” e “não dá ressaca”.
Longe da lida diária da reportagem, Bach, Carlos Wagner, Elton Werb, Flávio Dutra, Horst Eduardo Knak, Marcelo Villas-Bôas, Márcio Pinheiro, Marco Poli, Mario de Santi, Luiz Reni Marques e Ricardo Chaves, o querido Kadão, colunista de GZH, passaram a se reunir todas as quintas-feiras, religiosamente, para comer, beber e… bem, você já sabe: falar de jornalismo (para o bem e para o mal).
O hábito deu origem à Confraria do Alemão, em homenagem ao saudoso cachorro do Bar do Alexandre, em Porto Alegre. Era um cão desgrenhado, cabeludo e bonachão que todos amavam. O mascote morreu em 2019 e ganhou até obituário em GZH, mas essa é outra história.
Nas 248 páginas de “Entre um Gole e Outro - Conversas de Boteco” (Bá Editora), que teve como editora ou super jornalista, Mariana Bertolucci, os parceiros de profissão dão uma aula de carisma e bom texto. E as lições vão muito além do universo da comunicação.
Ali, as palavras refletem a sabedoria nascida nas ruas, a capacidade de rir deles mesmos, o humor (inclusive o mau) de cada um e, principalmente, o desejo genuíno de conservar algo cada vez mais raro: a conversa alegre e descompromissada, brinde à amizade verdadeira.
O lançamento do livro - que tem até foto do Alemão, in memoriam - está marcado para esta quinta-feira (17), a partir das 18h, no Bar do Alexandre (Rua Saldanha Marinho, 120). Não sei você, mas eu estarei lá, na fila dos autógrafos.