Gaúchos e catarinenses acordaram em sobressalto, nesta segunda-feira (20), com a queda da ponte pênsil que liga Torres, no Rio Grande do Sul, a Passo de Torres, em Santa Catarina. Parte da estrutura sobre o Rio Mampituba rompeu, fazendo vítimas. Uma pessoa seguia desaparecida até o início desta tarde. O acidente, em um dos cartões postais do Estado, merece reflexão.
Segundo relatos de testemunhas, uma festa de Carnaval estaria ocorrendo no lado catarinense, e os foliões deixavam o evento. Muitos atravessavam o pontilhão, inclusive pulando e balançando a estrutura. Há a suspeita de que o número de transeuntes superasse o limite máximo permitido de 20 pessoas.
E a manutenção? Registros nos sites das duas prefeituras sugerem que o serviço era frequente. O último deles, com o restauro de cabos, foi noticiado pela administração catarinense em 14 de janeiro de 2023.
Tudo leva a crer que o rompimento pode ter resultado de um excesso de peso na ponte - cabe à Polícia Civil investigar o caso. É possível que as pessoas não tenham dado atenção ou simplesmente não tenham visto os avisos nas placas sobre a capacidade da estrutura.
Mas será mesmo que a sinalização existente nos dois lados era suficiente? Os usuários tinham noção real do risco? A estrutura era mesmo segura? E a fiscalização, onde estava?
Os prefeitos admitiram ausência de controle do tráfego no local (Carlos Souza, de Torres, já avisou que planeja propor o fechamento em datas comemorativas), até porque as pessoas deveriam obedecer as placas e ponto. Em um país civilizado, seria assim. Infelizmente, vivemos em um lugar onde nem os semáforos são respeitados. O que fazer? Fechar em momentos específicos? Adotar a presença de fiscais?
Uma última e controversa sugestão: talvez, tenha chegado a hora “aposentar” a ponte pênsil, já que existe uma passagem de concreto a cerca de 500 metros dali. Por fazer parte da memória afetiva de moradores e veranistas, a histórica travessia poderia, quem sabe, ser preservada para contemplação. Diante dos fatos, é de se pensar.