Nos últimos anos, Pricilla Maria Santana disse “não” muitas vezes como subsecretária de Relações Financeiras Intergovernamentais do Tesouro Nacional, em Brasília - inclusive ao governo do RS, nas inúmeras tentativas de adesão ao regime de recuperação fiscal (foram cinco anos de negociações). De perfil técnico, a servidora federal foi implacável, mas, talvez por isso mesmo, tenha conquistado o respeito dos interlocutores.
Nos próximos quatro anos, as contas do Estado estarão nas mãos dela, em sua primeira experiência “do outro lado do balcão”, como secretária da Fazenda. O nome escolhido por Eduardo Leite foi bem recebido nos bastidores do órgão.
— Ela era um terror para os Estados, mas sempre foi afável no trato, articulada e muito preparada — relata um auditor fiscal do alto escalão.
Em março de 2017, Pricilla veio à Capital para uma série de reuniões na secretaria, ainda no governo de José Ivo Sartori. O clima foi tenso. Ela não cedeu. O Estado ainda não cumpria os requisitos exigidos para aderir ao regime. Ao final, houve uma coletiva de imprensa, da qual a técnica não participou.
— É uma baixinha empinada. Foi firme e exigente, mas, ao mesmo tempo, reconheceu nossos esforços e granjeou respeito — conta uma fonte que participou das tratativas.
Agora, Pricilla estará de volta em outra condição, e esse também é um trunfo para o governador reeleito Eduardo Leite. Primeiro, por ser alguém de fora (em tese, menos suscetível às pressões internas e de setores e corporações locais), como foi Marco Aurelio Cardoso, o carioca responsável por colocar os pagamentos em dia.
Em segundo lugar, porque ela conhece o plano de recuperação “por dentro”. Terá de fazer ajustes no documento devido à redução do ICMS sobre a gasolina e cumprir as exigências da União, que conhece bem. Pricilla receberá os cofres no azul do atual secretário, Leonardo Busatto, o que já é um bom começo. Mas o trabalho não será fácil.
— Hoje as contas estão muito melhores, mas é claro que há desafios. Tão difícil como ajustar as contas é mantê-las nesse patamar — diz Busatto.
Braço direito
Pricilla Santana já apresentou aos colegas da Secretaria Estadual da Fazenda quem será seu secretário-adjunto e braço direito na nova função: Itanielson Dantas Silveira Cruz, que também é servidor federal. Os dois trabalham juntos na Secretaria do Tesouro Nacional, onde ele é coordenador-geral das Relações e Análise Financeira dos Estados e Municípios.
Só elogios
Timoneiro das contas na maior parte do governo Leite, Marco Aurelio Cardoso é só elogios à sucessora, a quem define como uma profissional de "renomada qualificação":
— Pricilla tem muita experiência no trato com governadores, com o Congresso e, em especial, um grande conhecimento do regime de recuperação. Conhece a situação do Estado e entende que contas ajustadas são um valor indispensável.