Ao analisar os resultados da eleição e projetar o que vem pela frente, há um ponto, em especial, que é preciso reconhecer: a urna eletrônica e a Justiça Eleitoral saíram mais fortes. Apesar de todas as tentativas de desacreditar o sistema ao longo da campanha, o modelo brasileiro de apuração de votos se mostrou sólido e seguro.
Até agora, não houve contestação ao resultado que levou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente Jair Bolsonaro (PL) ao segundo turno e consolidou a força do bolsonarismo no país. Aliás, Bolsonaro, maior crítico do sistema eletrônico, fez mais votos do que no primeiro turno de 2018 e elegeu seus principais ex-ministros - de Damares Alves (Republicanos) a Eduardo Pazuello (PL).
A votação, além disso, transcorreu sem incidentes graves. As filas e a demora em algumas seções se justificaram pelo grande número de votos (cada eleitor teve de escolher cinco candidatos) e pelo menor índice de branco e nulos desde 2014: apenas 4,2% (contra 8,8% em 2018), o que significou 7,5 milhões de pessoas a mais escolhendo deputados, senadores, governadores e presidente.
A totalização começou pontualmente às 17h e não houve atrasos. Até o fim da noite de domingo (2), o desfecho era conhecido de todos. Ao que tudo indica, as fake news e as campanhas de desinformação não fizeram o mesmo estrago de anos anteriores, com decisões rápidas do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) obrigando a retirada de links falsos das redes.
Mais uma vez, o processo foi acompanhado por entidades de prestígio nacional e internacional, como a Organização dos Estados Americanos (OEA), o Instituto Carter, a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) e a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) - isso sem falar, é claro, dos membros de partidos e coligações. Representantes da União Europeia e das embaixadas dos EUA e da Alemanha também estiveram presentes.
Os ministros do TSE e os mais de 1,8 milhão de mesários e 22 mil servidores da Justiça Eleitoral, além de juízes eleitorais e membros do Ministério Público Eleitoral, merecem aplausos. Esse batalhão de gente garantiu o êxito da votação, e a população brasileira fez a sua parte: compareceu em peso às urnas, de forma ordeira e pacífica. Que assim seja, também, no segundo turno.