Chegou a hora. Depois de quatro semanas intermináveis, marcadas por episódios de insensatez e violência, a urna estará mais uma vez à espera dos brasileiros neste domingo, para enfim decretar a decisão da maioria - seja ela qual for. Na coluna deste fim de semana, não ofereço um perfil inspirador, como costumo fazer, nem mesmo uma história curiosa. Trago apenas um pedido: vote e vote em paz.
No primeiro turno, 32,7 milhões de brasileiros abriram mão desse direito. Só no Rio Grande do Sul, um Estado que um dia se orgulhou do título de “mais politizado do Brasil”, 1,7 milhão de pessoas preferiram se abster. Em ambos os casos, os números foram os mais significativos das últimas eleições gerais.
No cenário nacional, o volume de ausentes representou 20,9% dos eleitores aptos - o maior índice em campanhas presidenciais desde 1998, segundo a Justiça Eleitoral. Por aqui, a taxa chegou a 19,78%, a mais alta em três décadas.
É muita gente. E a quantidade de cidadãos à margem pode aumentar, porque ainda temos um feriado logo à frente. Omitir-se, em especial em uma eleição como a atual, tão acirrada, travestida de plebiscito, é o mesmo que dizer “escolham por mim”. Curiosamente, esse contingente gigantesco de faltosos poderia muito bem mudar a história do pleito. Democracia é isso.
Lula fez 57,2 milhões de votos na etapa inicial e Jair Bolsonaro, 51 milhões. Mas 38,2 milhões de pessoas (somando abstenções, brancos e nulos) decidiram, em sua maioria, “não decidir nada” ou protestar contra o sistema, o que, no fim das contas, dá na mesma.
Aqui, Onyx Lorenzoni foi a escolha de 2,4 milhões de eleitores e Eduardo Leite, de 1,7 milhão. Ausências, brancos e nulos atingiram perto de 2 milhões. Sim, é muita gente.
Neste domingo, não deixe de participar. É ali, na urna, que devemos depositar nossas convicções - e não em bate-bocas estéreis nas redes sociais e em trocas de mensagem.
Ali, diante da urna, somos todos iguais: o seu voto tem o mesmo peso que o meu, independentemente do tom da pele de cada um, das crenças, da escolaridade, da condição financeira, da orientação sexual, do lugar onde vivemos, da posição política. É democrático. É sagrado. E é assim que tem de ser.