O debate entre os candidatos ao governo do RS promovido pela Rádio Gaúcha nesta sexta-feira (14), em Porto Alegre, trouxe à tona temas duros e controversos, que precisam, sim, ser discutidos - ainda que uma parcela da população não dê valor a eles.
Onyx Lorenzoni (PL) e Eduardo Leite (PSDB) falaram sobre homofobia e preconceito e discutiram seus posicionamentos sobre as vacinas - com um embate interessante, ainda que agressivo, entre "negacionismo" e "liberdade de escolha".
Até uma menção ao termo xenofobia apareceu em uma das falas. Querendo ou não, são pautas em evidência no mundo atual. O fato de aparecerem no debate é um sinal dos tempos que vivemos - e um elemento a mais a pesar na decisão do eleitorado.
A aversão a pessoas com orientação sexual diversa surgiu já na primeira questão, quando Leite perguntou a Onyx se reconhecia ter feito uma "insinuação homofóbica" na propaganda eleitoral da véspera - quando o adversário disse que, se for eleito, o Rio Grande terá "um governador e uma primeira-dama de verdade". Leite, como se sabe, é gay e tem um namorado.
Em resposta, Onyx classificou a pergunta como "não assunto", negou a acusão e disse que Leite estava se "vitimizando". O adversário rebateu, afirmando que já esperava que o concorrente não admitisse o "crime de homofobia". No mesmo tom, Onyx ameaçou processar o tucano:
- O senhor é que está cometendo um crime ao me acusar de um crime que não cometi.
Onyx afirmou ainda ser a favor "da família" e disse que sua esposa é uma "mulher de verdade" porque, entre outras coisas, "defende o próximo". Ele também voltou a destacar que "cada pessoa tem sua liberdade de expressão", ao que Leite respondeu:
- Isso não é liberdade de expressão, isso é crime.
Mais adiante, surgiu o tema da vacinação. Leite perguntou ao rival se ele tomou a vacina contra covid-19. Onyx declarou, novamente, ser "um homem que defende a liberdade". Disse não ter se imunizado e argumentou que esse é um direito. Foi chamado pelo adversário de "negacionista da ciência".
- Não podemos ter na liderança do governo do Estado alguém que coloca em suspeita algo que salva vidas - alfinetou Leite.
Incomodado, Onyx disse que o ex-governador falava em "pseudociência" e criticou o candidato por ter "fechado o Rio Grande do Sul" no auge da pandemia e "destruído empregos". E por aí seguiu a troca de farpas, em clima de "poucos amigos".
A menção à xenofobia - que é o ódio a estrangeiros - veio à tona após Onyx ter criticado Leite por nomear um executivo de fora do Estado para comandar o Banrisul.
- Além de homofobia que aconteceu ontem (na propaganda eleitoral de quinta-feira, 13 de outubro), você é xenófobo? - questionou Leite, que foi prontamente rebatido por Onyx.
Ao final do debate, o ex-governador estendeu a mão para cumprimentar o desafeto e ficou com a mão estendida no ar.