É uma data a ser celebrada, não apenas pelo marco em si, mas pela importância do tema, que faço questão de trazer à coluna sempre que posso. Há 45 anos, a Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre - referência em saúde no Rio Grande do Sul - realizava seu primeiro transplante de órgãos.
O procedimento inaugural envolveu uma paciente de 16 anos, que, em 1977, recebeu um rim da mãe. Desde então, a instituição soma mais de 5,6 mil operações do tipo.
Idealizador e coordenador do serviço, o nefrologista Valter Duro Garcia lembra que, no início, os desafios eram gigantescos: faltavam recursos, as equipes eram inexperientes, tudo era novo. Não havia uma política de incentivo nem normas regulamentadas sobre o diagnóstico de morte encefálica.
Somente em 1999 a Santa Casa conseguiria atingir a marca de mil transplantes renais. Nos anos 2000, houve avanços importantes, até chegar a pandemia. Hoje, a área se recupera.
— No passado, o Rio Grande do Sul chegou a ser o Estado com o maior número de doadores em relação à população. Infelizmente, isso ficou para trás. Precisamos reforçar as estruturas e as campanhas de conscientização. Ainda há muito por fazer — avalia Garcia.
Evolução
O segundo órgão sólido a ser transplantado na Santa Casa, após o rim, foi o pâncreas, em 1987, seguido do pulmão em 1989 e do fígado em 1991. O primeiro transplante de coração ocorreu em 1995.
Conscientização
Neste ano, a Santa Casa lançou a campanha “Palavras salvam vidas. Diga SIM à doação de órgãos” para reforçar a conscientização. Como já mostramos em GZH, a iniciativa traz uma carta real, escrita por uma transplantada, agradecendo a decisão da família de cumprir o desejo do doador.