Do galeto ao primo canto à carbonara com gema de ovo, bacon e queijo pecorino, tudo, no restaurante Nonno Mio - que celebra quatro décadas de história em Gramado, na Serra - tem a mão de Pedro Andreis. Até as folhas de sálvia e o limão siciliano, usados para aromatizar pratos, saem da horta do empresário, cultivada com esmero no sítio da família em Linha Ávila.
Andreis foi representante comercial e já estava habituado a viajar de cidade em cidade vendendo de tudo um pouco, quando recebeu o chamado do sogro. Em 1982, sem saber fritar um ovo, Fernando Caberlon (falecido em 2014) tomou coragem e abriu a casa que se tornaria uma das mais tradicionais do município.
Bom de matemática e formado em contabilidade, o genro decidiu ajudar, mas não se limitou aos assuntos burocráticos.
— Na época, Gramado era diferente. O auge do turismo ocorria em janeiro e fevereiro, com o movimento dos veranistas. Com o tempo, as coisas mudaram, e nós tivemos de nos profissionalizar. Mergulhei de cabeça, inclusive na cozinha — conta o gringo, que hoje divide o comando da Nonno Mio com o sobrinho, Felipe.
Inquieto, Andreis aprendeu fazendo e passou a criar preparos especiais, como a massa strozzapreti, com molho inspirado na receita de um velho pároco, e o famoso ragu de coelho com “totchio” (polenta mole). O segredo, ensina o empresário, é gostar do que faz e fazer o melhor possível.
— Passei por tudo: crises, inflação, pandemia. Foi muita luta, mas, quando a gente trabalha no que ama, tudo vale a pena. Lá se vão 40 anos, e eu ainda não enjoei do galeto — brinca Andreis.
Números
O restaurante Nonno Mio serve, em média, cinco mil pratos ao mês. Só o galeto, carro-chefe da gastronomia oferecida na casa, envolve o preparo mensal de uma tonelada de frango, vindo de Nova Petrópolis e abatido com 25 dias. Massas e pães têm produção própria. São 500 quilos de farinha por mês.
Livro
Algumas das melhores histórias de Pedro Andreis estão no livro Nonno Mio, lançado na última quinta-feira, em Gramado.
Haverá sessão de autógrafos no Festival Internacional Literário do município (FiliGram), no dia 10, às 15h.