Antes da Semana Nacional do Meio Ambiente chegar ao fim, a coluna traz um exemplo de como é possível unir teoria e prática em preservação ambiental - sem cair no discurso “ecochato”. Inspirada em Curitiba (PR), a prefeitura de Santa Cruz do Sul criou uma iniciativa chamada Troca Solidária, que está fazendo a diferença no Vale do Rio Pardo.
A ação - entre os curitibanos, batizada de Câmbio Verde - consiste em trocar lixo reciclável por alimentos como feijão, laranja, batata-doce, aipim e beterraba, produzidos por agricultores locais. Desde 2021, o projeto já recolheu 2,2 toneladas de resíduos secos, revertidos em 2,1 tonelada de alimentos. Também foram captados 140 litros de óleo de cozinha usado, evitando o descarte irregular e a contaminação de cursos d´água.
O troca-troca ocorre em datas pré-agendadas, nas próprias escolas, onde a criançada aprende a separar o lixo de forma correta. Nos dias combinados, técnicos da Secretaria Municipal de Meio Ambiente, Saneamento e Sustentabilidade vão até os colégios e recolhem materiais como papelão e garrafas pet. A cada quatro quilos entregues, os alunos recebem um kit com um quilo de legumes, frutas e verduras. É um sucesso.
— Fomos até Curitiba conhecer a ideia, no ano passado, e voltamos decididos a criar algo parecido. A prefeita Helena Hermany acolheu a proposta, e a comunidade, também. Todos ganham: as famílias, a cooperativa de catadores e os pequenos produtores rurais — diz o secretário de Meio Ambiente, Jaques Eisenberger.
Não dá para ignorar
Segundo relatório divulgado pela ONU no fim de 2021, o plástico representa 85% dos resíduos que chegam aos oceanos. Estima-se que, até 2040, o volume do material que flui para o mar quase triplicará, com uma quantidade anual entre 23 e 37 milhões de toneladas. Isso significa cerca de 50 quilos de plástico por metro de costa em todo o mundo. Reduzir o consumo e reutilizar materiais são um caminho sem volta.