O início de junho é marcado por um evento importante em prol da preservação do planeta no Brasil: a Semana Nacional do Meio Ambiente, instituída em 27 de maio de 1981. A escolha deste período tem relação com o Dia Mundial do Meio Ambiente, que é celebrado em 5 de junho. Considerada a maior data internacional sobre o tema, a iniciativa é realizada anualmente desde 1974 pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA).
Neste ano, o evento será sediado pela Suécia e terá a temática “Uma Só Terra”, com foco na vida sustentável em harmonia com a natureza, segundo o PNUMA. O conteúdo vai ao encontro de um dos pontos mais defendidos no debate internacional sobre meio ambiente — consumo e produção responsáveis, que está, inclusive, entre os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU).
Embora acredite que é preciso trabalhar a consciência ambiental todos os dias, a professora do Programa de Pós-graduação em Qualidade Ambiental da Universidade Feevale Vanusca Jahno considera importante haver datas em prol dos cuidados com o planeta, principalmente considerando a extensa lista de problemas, como desmatamento, poluição das águas e desastres naturais que vêm ocorrendo no Brasil e no mundo.
— Essas datas são necessárias para refletirmos sobre nossos valores e para revermos nossas práticas ambientais. Todos nós, pessoas, empresas e governos, somos ambientalmente responsáveis de alguma forma. Então, é importante refletir e debater sobre como conseguimos ajudar um pouco mais o nosso planeta, porque precisamos dele — ressalta.
Como consumir de forma consciente e responsável
Carlos Alberto Mendes Moraes, professor dos cursos de Engenharia Ambiental e Gestão Ambiental e da pós-graduação em Engenharia Civil da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos), estuda a questão ambiental há 30 anos. Quando perguntado sobre o que o indivíduo deve fazer para consumir de forma mais responsável, ele entende que, primeiro, é preciso recorrer à busca por informações confiáveis, como estudos, especialistas da área e autoridades competentes, e ter cuidado com a disseminação de conteúdos falsos sobre o tema.
— Precisamos ser mais críticos com aquilo que consumimos, lembrar que o nosso planeta é finito. Acumulamos coisas porque é bonito, e não porque é funcional. A pessoa tem uma tesoura e não se satisfaz. Então, compra outra com um design diferente e fica com duas para a mesma função — exemplifica Moraes.
O professor entende que há, sim, iniciativas de fomento ao consumo responsável e que essa é uma ideia que tem circulado na sociedade nos últimos anos. No entanto, para ele, são poucas frente à necessidade imposta pela falta de cuidado com meio ambiente:
— A velocidade é mais lenta que o mercado fica nos impondo como consumo. Temos o poder de fazer essa análise e deixar de utilizar produtos que não respeitam padrões, as exigências ambientais e a saúde da população.
Consumir de forma consciente e responsável é, para o professor, um processo que começa longe da ação de comprar ou não alguma coisa, mas tem como base a preservação do meio ambiente.
— Mantermos as florestas em pé, reflorestar, ter uma consciência de um consumo cada vez mais sustentável do que vem da natureza. Quanto mais florestas tivermos, e um ambiente natural preservado, mais chance temos de resolver os problemas ambientais causados pelos ser humano — finaliza.
Cinco dicas sustentáveis para aplicar no dia a dia
A professora da Escola de Negócios da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS) Maira Petrini organiza cinco tópicos que podem ajudar quem quer consumir de forma mais consciente e sustentável.
1. Preste atenção às compras
Substitua os hortifrútis convencionais por orgânicos. Além disso, uma vez por semana, troque a carne por alimentos com alto teor de proteínas (feijão, grão de bico, soja e aveia). De acordo com a professora, isso colabora para reduzir a emissão de carbono, pois a pecuária impacta na produção de gases de efeito estufa e também necessita de grande volume de água para a criação de animais.
2. Pense de quem você vai comprar
Para a professora, deve-se dar preferência ao produtor e às marcas dos locais onde a pessoa mora. Isso promove o desenvolvimento da economia e apoia as pequenas empresas do lugar. Esse hábito reduzirá as emissões de gases de efeito estufa associadas ao transporte de mercadorias e embalagens, além de aumentar o senso de comunidade dos envolvidos no comércio.
3. Dê preferência a empresas comprometidas com o desenvolvimento sustentável
Busque informações sobre quem são as empresas que vendem os produtos. Maira Petrini alerta para a necessidade de entender como as companhias impactam o ambiente e se desenvolvem ou não a comunidade. Por que tais empresas vendem mais? Elas têm contra si denúncias de trabalho infantil ou escravo? São algumas das perguntas que a professora indica que todos procurem descobrir.
4. Fuja do plástico de uso único
Ter caneca reutilizável para não usar copos de plástico e levar uma sacola reutilizável no mercado para deixar de lado as sacolas de plásticos são dicas para o consumo sustentável. Essa ação reduz a quantidade de plásticos no lixo e nos oceanos. De acordo com a professora, apenas 7% do lixo plástico é reciclado no mundo.
5. Compre menos
Pense se precisa do produto ou se o quer apenas para saciar um desejo. De acordo com a professora da PUCRS, as compras impulsivas nos fazem ter coisas que mal usamos. No entanto, se o indivíduo decidir pela compra, deve buscar produtos de qualidade, que durem mais e que reduzam a produção de resíduos.