Máquinas na pista, caminhões com terra, brita e asfalto. Um espaço, antes verde, é invadido pelo "progresso".
Quem tem preocupação com o meio ambiente - e o porto-alegrense costuma ter esse cuidado - fica impactado ao perceber o que está ocorrendo no Parque Maurício Sirotsky Sobrinho, popularmente chamado de Harmonia. O local está recebendo obras de revitalização, que darão ao espaço um melhor sistema de drenagem, além de uma série de atrações culturais.
Preocupados com o que estão presenciando, vereadores e defensores do meio ambiente pediram detalhamento sobre as obras. Alegam que o corte de árvores e a presença de máquinas afugentam aves e tiram do parque a característica campeira.
De fato, a obra agride. Duplicar uma rodovia, construir um túnel, fazer uma reforma em casa é sempre desagradável. Conviver com a poeira, com o barulho e com a demora é um inconveniente.
Mas a máxima de que não é possível fazer omeletes sem quebrar ovos é verdadeira. Obra boa é sempre obra entregue, já que, enquanto é executada, ela só traz dor de cabeça.
Enquanto estavam sendo recuperados, os trechos 1 e 3 da orla do Guaíba também tinham aspectos ruim e improvisado. Porém, depois de prontos, os locais se transformaram em ambientes de convivência mais agradáveis.
Diga-se de passagem que a falta de árvores imponentes nestes locais dificulta a presença em época de calor. As espécies até foram plantadas. Mas, até que elas cresçam e se tornem suntuosas, os frequentadores terão que dispor de guarda-sol e muito protetor solar para se protegerem.
Então, esse tipo de preocupação da comunidade é sempre bem-vinda, principalmente se ocorre em um momento ainda de obras, a tempo de que qualquer correção seja viabilizada. De que adianta reclamar depois que tudo for concluído?
Quando a parte mais inicial da revitalização for superada, e quando os trabalhos de paisagismo forem iniciados, o cinza perderá espaço para o verde. O parque será mais convidativo, integrado e frequentado - não só no Acampamento Farroupilha.
Que a revitalização siga, mas com todos os cuidados à natureza. Não é o caso de chamar de caranguejada ou de ecochato quem quer ter uma cidade mais verde. A fiscalização é um poder que deveríamos exercer e incentivar.
Em tempo: a Promotoria do Meio Ambiente realizou vistoria nesta quinta-feira (6) ao local. Foi identificado que o Estudo de Viabilidade Urbanística (EVU) está sendo cumprido e que o corte de árvores autorizado pela prefeitura é até menor do que fora autorizado.