O Diário Oficial da União de quarta-feira (12) confirmou a perda da maior parte da verba destinada para a retomada da construção da nova ponte do Guaíba ao longo de 2023. Uma portaria do Ministério do Planejamento e Orçamento anunciou o corte de R$ 74 milhões.
O orçamento do ano havia previsto R$ 84 milhões para a obra. Dessa forma, restaram apenas R$ 10 milhões, que poderão ser usados até dezembro. Com este recurso não é possível encaminhar uma solução para a nova ponte, que foi inaugurada em 2020 de forma incompleta.
O corte não surpreende, pois a verba não poderia ser usada diretamente na obra. Há dois motivos para isso: primeiro porque é necessário resolver a situação das famílias moradoras das vilas Areia e Tio Zeca, que hoje estão no traçado das quatro alças restantes da nova ponte.
Sem a remoção de ao menos 400 das 600 moradias, é impossível realizar a obra. Somente para a transferência das famílias, o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) precisa investir aproximadamente R$ 100 milhões.
O segundo motivo é que hoje não há contrato em vigor que permita uma empresa executar os serviços necessários. O vínculo com a construtora Queiroz Galvão chegou ao fim no segundo semestre de 2021, mesmo sem a finalização das quatro alças restantes. Para que a obra possa ser retomada, o Dnit precisa contratar um novo executor.
Alças restantes
A alça de quem sai da Avenida Castello Branco para Eldorado do Sul é a principal. Mas também precisam ser construídos o acesso de quem vem de Gravataí pela freeway e vai para o Humaitá, a alça de quem vem de Eldorado do Sul e vai para o mesmo destino, e o sentido contrário, de quem sai do bairro e vai para Eldorado do Sul.
Ponte de Porto Xavier
Outra obra que foi impactada pelo corte foi a nova ponte que ligará o Rio Grande do Sul a partir de Porto Xavier até o município argentino de San Javier. O Dnit autorizou o início da elaboração do projeto em fevereiro. Dos R$ 80 milhões destinados para os estudos, o contrato perdeu R$ 40 milhões.
Um dos motivos para o corte é a situação envolvendo a empresa contratada. A Justiça determinou a falência da Coesa, uma das empresas criadas a partir da recuperação judicial da OAS.
Para a construção da nova travessia, de 950 metros de extensão, serão necessários R$ 220 milhões. A travessia entre as duas cidades é feita, atualmente, por balsa. Quando estiver pronta, a estrutura será uma alternativa às passagens situadas em Uruguaiana e São Borja.
Verba redirecionada
Parte dos recursos será destinada para outras obras no Rio Grande do Sul. A adequação da travessia urbana de Santa Maria receberá R$ 30 milhões. Já as obras na BR-285 em Ijuí terá outros R$ 20 milhões.