Aguardado com ansiedade pelos moradores de Palmeira das Missões, no noroeste gaúcho, e de cidades vizinhas, a construção do hospital público regional foi embargada. A decisão foi da prefeitura, que é a responsável pela obra.
De acordo com o prefeito Evandro Massing, o embargo ocorreu porque foram identificados problemas estruturais na construção como fissuras, rachaduras e fendas. A obra é de competência da empresa paranaense Sial Engenharia.
Antes da determinação, a prefeitura garante ter comunicado e notificado a construtora, pedindo providências. Para evitar risco de segurança aos trabalhadores, a prefeitura decidiu pela suspensão.
- Os recursos para a execução da obra estão garantidos. Os pagamentos estão em dia. Temos um contrato com o Ministério da Saúde, que vai liberando recursos conforme a necessidade.
O embargo ocorreu porque a obra apresentou problemas estruturais, que a empresa reconhece, mas não foram corrigidos ainda - relata Massing.
Depois que a empresa solucionar os problemas estruturais, ela precisará apresentar um laudo técnico dos motivos e causas que estão provocando as fissuras e rachaduras na estrutura. Quando isso ocorrer, o embargo será retirado. Porém, caso não haja resolução, a prefeitura promete tomar novas medidas e reforça que a continuidade da obra está garantida.
A obra é realizada com dinheiro do governo federal, por meio de recursos de emenda da bancada gaúcha e com verba do Ministério da Saúde. Cabe à prefeitura garantir uma contrapartida de 2%.
A construção foi contratada ao custo de R$ 115 milhões. Depois de pronto, o hospital será referência para uma população de mais de meio milhão de habitantes, de 72 municípios.
A obra começou em maio de 2019 e deveria ter ficado pronta em dois anos. Massing lembra que, quando assumiu a prefeitura em 2021, o prazo da construção foi ampliado em mais 14 meses, atendendo um pedido da empresa. Ao final do período estipulado, a construtora voltou a pedir mais 20 meses, que também foi concedido. Dessa forma, a obra precisará ser entregue até março de 2024.
A Sial Engenharia se defende. De acordo com nota encaminhada pelo presidente da construtora, Edenilso Rossi, o embargo não tem respaldo técnico. A empresa garante que vinha fazendo as correções até a paralisação da obra, que ocorreu por questões financeiras. Ela também acusa a prefeitura de estar tentando desviar a atenção para a necessidade de reajustar os valores da construção.
"Temos a informar que o embargo foi tomado sem um respaldo técnico, por mais que um engenheiro tenha informado a necessidade de reparos na estrutura, em nenhum momento ele solicitou a necessidade de embargo da obra.
Ademais, estávamos efetuando os reparos até a paralisação da obra em agosto por questões financeiras. E estamos dispostos a retomar os reparos assim que a prefeitura nos pague os serviços de agosto e setembro, mais os serviços extra contratuais já executados.
Ocorre que a prefeitura está desviando a atenção da mídia e da população para reparos corriqueiros em obras desse porte, na qual não nos negamos em executar e que não são motivos de paralisação da obra, do verdadeiro motivo da paralisação da obra que é a decisão da Prefeitura em conceder ou não o Reequilíbrio econômico financeiro do contrato no valor de R$ 13 milhões", diz o conteúdo enviado à coluna.
O prefeito confirma que a empresa pediu reequilíbrio e que a análise está em fase final. Sobre o atraso nos pagamentos Massing garante que as correções de contrato estão em dia.
- O fato de ter direito ou não ao reequilíbrio não dá o direito de fazer a obra com problemas estruturais. Sabendo que toda a parte estrutural foi feita há bastante tempo - se defende Massing.
A construtora Sial também é responsável pela construção do Centro de Oncologia do Grupo Hospitalar Conceição (GHC), em Porto Alegre. São 14 mil m2 de área, dispostos em sete andares. A obra começou em fevereiro de 2018 e deveria ter ficado pronta em 2020. Até agora, 85% dos trabalhos foram concluídos. Na nova previsão, a inauguração deverá ocorrer em março de 2023 e irá custar aproximadamente R$ 100 milhões. Serão 94 leitos que serão destinados exclusivamente para o tratamento de tumores e de câncer