Sem dinheiro suficiente para a conclusão e com possível corte no orçamento da União, as obras do Centro de Oncologia e Hematologia do Grupo Hospitalar Conceição (GHC), em Porto Alegre, correm o risco de parar no segundo semestre. Para terminar o prédio, que começou a ser erguido em 2018 e tem 68% dos trabalhos executados, a instituição precisa de R$ 33 milhões, além de outros R$ 30 milhões para a aquisição de equipamentos.
Erguido ao lado do Hospital Nossa Senhora da Conceição, onde já há uma torre de ligação pronta com inauguração prevista para esta sexta-feira (14), o centro tem sete pavimentos e contará com 94 leitos. O local irá concentrar serviços de diagnóstico e tratamento de pacientes com câncer pelo SUS, incluindo radioterapia e transplantes de medula — duas novidades no GHC.
Desde o início, a ideia foi viabilizada com o suporte do governo federal e de deputados e senadores, a partir da criação de uma frente parlamentar, em 2017. Graças ao reforço de verbas da bancada gaúcha, os trabalhos começaram e nunca pararam.
Com o avanço da pandemia, a situação se complicou. Os recursos de emendas acabaram direcionados à emergência da covid-19. Além disso, com o veto parcial do presidente Jair Bolsonaro ao orçamento da União, a obra pode perder R$ 1 milhão em 2021, o único montante que estava previsto para ela no orçamento.
Para não interromper os trabalhos, a direção do GHC remanejou valores que seriam usados em reformas em outras unidades da rede, como os hospitais Fêmina e Cristo Redentor. O desafio, segundo o diretor-presidente do GHC, Cláudio Oliveira, é dar conta de tudo.
— Reunimos nossas áreas técnicas e conseguimos fazer um ajuste para garantir o desembolso mensal de R$ 3 milhões para a obra neste primeiro semestre, mas depois disso não sabemos como vai ser. Esse remanejamento tem um custo, porque vamos ter de atrasar outras melhorias importantes — explica Oliveira.
O gestor conversou sobre o novo centro com o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, durante visita ao Conceição, em abril, e espera contar com o apoio da pasta. Ele também aposta na capacidade de mobilização de deputados e senadores. A expectativa, apesar das dificuldades, é de concluir a estrutura ainda em 2021.
— Nos preocupamos muito com o pós-pandemia, porque há uma demanda represada de pacientes com câncer. Esse novo espaço será um grande ambulatório, com capacidade para receber pessoas de forma humanizada e acolhedora. É importante que fique pronto neste ano — ressalta Oliveira.
Coordenador da bancada gaúcha, o deputado federal Giovani Cherini (PL) reforça a importância do centro e diz que os parlamentares irão atuar junto ao Ministério da Saúde para pressionar pela liberação de verbas para a finalização da construção.
— A bancada destinou R$ 50 milhões para iniciar a obra. Agora, cabe ao governo federal concluí-la. Continuamos apoiando o projeto via ministério e vamos brigar muito por isso. Tenho certeza de que o ministro fará o possível para ajudar. Infelizmente, a bancada não tem recursos para resolver todos os problemas. A nossa prioridade, no momento, é a pandemia — diz Cherini, lembrando que o “orçamento da União não é estanque” e que ainda poderá ser alterado por meio de projetos de lei do Congresso Nacional.
GZH entrou em contato com a assessoria de Ministério da Saúde e pediu uma posição sobre o assunto, mas, até o fechamento da reportagem, não obteve retorno.
A obra
Custo total previsto: R$ 75 milhões
Executado: 68%
Previsão de conclusão da obra, se houver recursos: dezembro de 2021
Histórico e detalhes
- Em 28 de junho de 2017, foi criada uma frente parlamentar com a adesão da bancada gaúcha para viabilizar a obra do Centro de Oncologia e Hematologia e Oncologia do Grupo Hospitalar Conceição (GHC)
- Em 10 de julho daquele mesmo ano, na solenidade de inauguração do novo Centro Obstétrico do Hospital Nossa Senhora da Conceição, o então ministro da Saúde, Ricardo Barros, anunciou a autorização para o lançamento do edital de construção
- O local escolhido para a obra foi um terreno oferecido pela prefeitura de Porto Alegre, onde ficava a antiga Praça Sady da Conceição e parte da Rua Umbu, junto ao Conceição
- Com o apoio de parlamentares e do governo federal, os trabalhos começaram em fevereiro de 2018 e prosseguem desde então, com 68% do projeto executado
- O novo centro terá 94 leitos, distribuídos em sete pavimentos, com área total de 14,4 mil metros quadrados
- O local irá reunir unidades de diagnóstico (ambulatório e recursos de imagem) e de tratamento (radioterapia e internações) para atendimento de pacientes com câncer, incluindo transplantes de medula