Nove meses depois de ter iniciado um minucioso estudo, o Laboratório de Ensaios e Modelos Estruturais da UFRGS (Leme) entregou à prefeitura de Porto Alegre o laudo final sobre as condições do Edifício Galeria XV de Novembro, mais conhecido como Esqueletão. A coluna teve acesso às informações que constam no documento de aproximadamente 200 páginas.
O material ainda não foi tornado público por um pedido da Procuradoria-Geral do Município (PGM), que pretende que o levantamento não seja divulgado antes da apreciação do juiz responsável pelo caso, na 10ª Vara da Fazenda Pública. A UFRGS também não está se falando sobre a conclusão do estudo oficialmente. Há expectativa, porém, que nesta segunda-feira (1), a prefeitura se manifeste sobre o assunto.
Sobre o documento assinado pelos técnicos da universidade, o material é mais minucioso do que o que fora entregue em abril. O laudo confirma que, se nada for feito, o Esqueletão - um prédio de 19 andares localizado no coração do Centro Histórico - vai cair.
No material, os profissionais envolvidos explicaram os motivos. São três os principais problemas: concreto esfarelando, infiltrações e desgaste nas estruturas de aço. Estes sinais, de que o prédio não vai parar em pé em um sinistro como um incêndio, levou a UFRGS a informar o que precisa ser feito.
Para não trazer riscos às milhares de pessoas que circulam na região por dia, o prédio necessita ser demolido. A UFRGS não chega a citar quando isso precisará ocorrer. A estrutura de concreto está inacabada desde a década de 1950.
O imóvel até pode ser restaurado. Neste item há duas hipóteses. Ele passaria por obras suficientes para que seja mantido em pé, mas fechado, sem qualquer ocupação. Outra hipótese, muito mais improvável, é que ele passe por uma reforma tão profunda, que seria mais barato colocá-lo no chão e reerguê-lo. Para atender às exigências do Plano de Prevenção e Proteção contra Incêndios (PPCI), por exemplo, as escadas que levam aos andares precisariam ser alargadas, o que mexeria na estrutura do prédio.
De posse dessas informações, a prefeitura de Porto Alegre irá decidir o que será feito. Mas não será possível fugir de dois cenários. O primeiro deles é pedir às dezenas de proprietários que assumam os custos. Outra opção é coordenar os trabalhos de demolição ou reforma e depois cobrar os valores dos donos do imóvel.
Em 2018, um laudo preliminar da prefeitura apontou que o imóvel corria risco crítico de desabamento. Na ocasião, o Ministério Público chegou a pedir a sua demolição. O Esqueletão também já havia sido interditado administrativamente pela prefeitura em pelo menos duas ocasiões, nos anos de 1988 e 1990. E houve uma interdição judicial em 2019.