A Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC) já começou a atualizar a planilha de cálculo da passagem de ônibus de Porto Alegre. E a previsão não é boa.
Mesmo com os projetos aprovados na Câmara de Vereadores, que tiveram o objetivo de reduzir o impacto na tarifa, o gasto do passageiro vai aumentar. O próprio prefeito Sebastião Melo alertou para o que chamou de estouro da boiada.
E a expectativa é que o novo valor já seja cobrado a partir de fevereiro, como estipula o contrato entre empresas e prefeitura. Consultados pela coluna, profissionais do setor estão preocupados. O aumento no valor da passagem deverá ser de, ao menos, R$ 0,60. Dessa forma, a tarifa subiria para R$ 5,40 para o usuário.
Os dois principais componentes da tarifa tiveram forte aumento. Um deles se refere ao reajuste do salário dos rodoviários, que foi definido em 10%. Pela projeção, somente este item impacta em torno de R$ 0,30 centavos no valor da passagem.
O outro se refere ao diesel. O combustível foi o que mais subiu no ano passado, 46,8% na comparação com 2020, segundo o Levantamento de Preços de Combustíveis da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e de Biocombustíveis (ANP). Este item traria uma elevação de mais R$ 0,40.
Os projetos aprovados na Câmara de Vereadores, e que ainda dependem de regulamentação, podem amenizar essa alta de R$ 0,70. Um deles é o que diminui o número de isenções, de 14 para seis. Se todos entrarem logo em vigor, a redução será de R$ 0,25.
A outra forma do valor da tarifa diminuir está relacionada ao fim da figura dos cobradores nos ônibus. A extinção completa da função será escalonada até janeiro de 2026. Neste primeiro ano, o impacto deverá ser de R$ 0,25. Dessa forma, a diminuição na passagem para 2022 chegaria a aproximadamente R$ 0,50.
A diferença, então, estipula um aumento aproximado de R$ 0,20. Porém, como no ano passado o prefeito Sebastião Melo decidiu implementar um valor de tarifa R$ 0,40 menor do que a que definiu a EPTC, o valor pago pelo passageiro deverá subir de R$ 4,80 para R$ 5,40.
Essa diferença foi paga pela prefeitura em forma de subsídio, o que Melo relutava em fazer. Sendo assim, só há um jeito da passagem de ônibus não subir a este patamar: se novamente o canetaço do prefeito entrar em ação.
Em 2021, as empresas privadas de ônibus já receberam R$ 31 milhões da prefeitura e ainda falta pagar outros R$ 10 milhões. Já a Carris recebeu R$ 72 milhões.
Se a prefeitura não voltar a abrir os cofres para pagar a diferença, a passagem deverá ter o seu maior aumento desde 2013, quando os protestos estouram em Porto Alegre e se replicaram em todo o Brasil. Na ocasião as manifestações ocorreram por causa de um aumento de R$ 0,20. Já em 2016, o reajuste chegou a R$ 0,50.
"A prefeitura informa que recebeu ofício do Sindicato das Empresas de Ônibus de Porto Alegre (Seopa) com a solicitação de reajuste da tarifa. O requerimento está em análise para avaliação de quanto impactará na preço da passagem para os usuários", resume a EPTC.