Na mesma semana que anunciou a entrega de mais um trecho revitalizado da orla do Guaíba, a prefeitura está precisando lidar com a paralisação das obras da Usina do Gasômetro. Desde segunda-feira (18), os trabalhos estão suspensos.
Os funcionários do consórcio RAC-ARQUIBRASIL receberam aviso prévio de 30 dias, e já não estão mais comparecendo ao local de trabalho. Antes disso, a obra já se arrastava, segundo um dos operários com quem a coluna conversou.
O assunto está sendo coordenado pela Secretaria Municipal de Obras e Infraestrutura (Smoi), que estudava três opções para retomar as intervenções. Essa é uma das 21 obras que o prefeito Sebastião Melo determinou como prioritárias.
De acordo com a secretaria, a opção escolhida foi fazer ajustes no atual contrato, a fim de que sejam executados os serviços necessários para a conclusão da obra. Porém, não serão realizadas intervenções que ultrapassem o limite financeiro legal, de 50%.
Como o valor da restauração ultrapassará esse percentual, a solução foi retirar do atual contrato as obras das instalações elétricas. Elas serão executadas após realização de uma nova licitação.
- Estamos trabalhando numa proposta de aditamento que melhor atenda à obra em componentes como custos, técnicos de engenharia, funcionalidade e jurídicos. Assim que concluirmos, ela será oferecida a empresa executora -, afirma o secretário Pablo Mendes Ribeiro.
Estes ajustes deverão ser concluídos dentro deste prazo de 30 dias. Ao final, serão repassados para o consórcio, que irá analisar se aceita seguir as intervenções com os valores propostas pela prefeitura.
Caso as empresas responsáveis desistam de realizar as obras, a prefeitura irá chamar a segunda colocada na licitação. Se a construtora goiana Biapó também não aceite, uma nova disputa precisará ser lançada a fim de que as intervenções restantes sejam finalizadas.
A revitalização começou em janeiro de 2020, mas o espaço vai completar quatro anos fechado em novembro. A obra dobrou de preço e não será mais ser entregue no aniversário de 250 anos de Porto Alegre.
Por que dobrou de preço
Em 2016, os projetos de arquitetura e engenharia foram elaborados pela empresa 3C Arquitetura e Design. O estudo inicial, apresentado em agosto daquele ano, previa investimento de R$ 40 milhões.
Sem dinheiro disponível, a prefeitura determinou que o orçamento fosse ajustado para R$ 20 milhões. A adaptação foi feita em novembro de 2017, mantendo as intervenções mais necessárias.
Mas a restauração sofreu novo corte dois meses antes do lançamento da licitação. Em junho de 2019, a prefeitura determinou que a obra fosse encaixada nos R$ 12,5 milhões do financiamento disponível pela Cooperação Andina de Fomento (Caf).
Porém, a avaliação atual é que esse corte comprometeu a restauração. À parte dessas discussões, o consórcio RAC-ARQUIBRASIL venceu a disputa para executar essa obra desidratada. Iniciou os trabalhos em janeiro de 2020 e tinha a missão de executar o serviço até março de 2021.
O atual contrato, por exemplo, prevê reboco só em 10% da parede externa da Usina. Tomadas, disjuntores, impermeabilização e torneiras estão previstas de forma insuficiente.
A obra hoje tem 45% de conclusão. O custo atual é de R$ 13,9 milhões, sendo que inicialmente o contrato era de R$ 11,44 milhões.