Marcadas para esta semana, as audiências para definir o futuro das famílias que precisam ser reassentadas por causa das obras da nova ponte do Guaíba foram canceladas. A desistência partiu do Departamento Nacional de Infraestrutura e Transportes (Dnit), que não explicou os motivos.
No primeiro encontro previsto, todas as 600 famílias seriam convidadas a conhecer a proposta financeira que a autarquia tinha para oferecer em troca dos terrenos nas Vilas Areia e Tio Zeca por onde a nova ponte do Guaíba ainda precisa passar. As audiências individuais com as primeiras 59 famílias ocorreriam entre terça (13) e sexta-feira (16).
- O Dnit requereu a desistência de todos os processos e eu homologuei, mesmo a contragosto. As obras estão suspensas e parece que não serão retomadas. Muito triste depois de ter realizado mais de 500 audiências - comenta o juiz Hermes Siedler da Conceição Júnior, que conduziu as negociações envolvendo as famílias das ilhas, que precisaram ser transferidas por causa da obra.
Só para a remoção das famílias, o Dnit precisará de aproximadamente R$ 100 milhões. Já para a o término da construção da ponte são estimados outros R$ 100 milhões. Até agora foram investidos R$ 769 milhões na obra.
O contrato com o consórcio Ponte do Guaíba chegou ao fim em abril e não foi renovado. Na sexta-feira (9), o ministro de Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, indicou que a obra só deverá mesmo ser retomada após o governo repassar a nova ponte para a iniciativa privada.
— Temos duas possibilidades. Uma é fazer isso com recursos públicos, com a remoção de mais de 600 famílias, e aí teríamos frente de obra para fazer as alças que faltam. Mas entendo que a hipótese mais provável e que dê a solução mais rápida é colocar isso dentro da concessão da BR-290 com a BR-116 — complementou Freitas.
Quando a obra for retomada, a previsão é que ainda sejam necessários mais oito meses de trabalho. O Dnit apresentou um cálculo que para finalizar as obras é necessário remover ao menos 400 famílias.
Falta ainda a construção de quatro alças da elevada. Um dos trechos mais importantes que ainda não está liberado é o de quem vem do Centro de Porto Alegre pela Avenida Castello Branco e pretende seguir em direção a Eldorado do Sul.