A provocação foi feita por ouvintes e leitores, que, não satisfeitos com a informação que divulgamos sobre o percentual de construção da nova ponte do Guaíba desenvolvida durante a gestão de cada um dos três presidentes, queriam também saber o montante investido por Dilma, Temer e Bolsonaro. Então, a coluna foi atrás dos dados oficiais do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit).
Antes, um esclarecimento. Todos os três, Dilma, Temer e Bolsonaro, foram fundamentais para o desfecho da semana passada, quando parte da travessia foi inaugurada para a passagem de veículos. O trio sempre destacou que a obra era prioridade. E, mesmo com os alguns atrasos nos repasses, a construção nunca chegou a ficar muito tempo parada, apesar de o término das obras ter sido projetado para outubro de 2017.
Vamos aos dados. As obras começaram há mais de seis anos. Até agora, já foram investidos R$ 749 milhões e executados 95% da construção. A projeção aponta que a obra irá custar, ao todo, R$ 820 milhões.
A presidente Dilma deu a largada às obras, em outubro de 2014. Até o momento em que ela deixou oficialmente o cargo, em agosto de 2016, foram 22 meses de construção.
Neste período, as obras da ponte avançaram 35%. O Dnit oficializou 28 pagamentos ao consórcio Ponte do Guaíba, responsável pelos trabalhos. Foram investidos R$ 264,57 milhões. É como se a cada mês fossem repassados aproximadamente R$ 12,02 milhões.
A partir de agosto de 2016, Michel Temer assumiu as funções de presidente com o impeachment de Dilma. Até dezembro de 2018, quando seu mandato chegou ao fim, Temer entregou a obra com 74% de execução.
Ou seja, foi responsável pela conclusão de 39% dos trabalhos. Nestes 28 meses, seu governo investiu R$ 316,49 milhões em 28 pagamentos. É como se a cada mês fossem repassados aproximadamente R$ 11,3 milhões.
O presidente Jair Bolsonaro assumiu em janeiro de 2019. Até a inauguração, ocorrida na semana passada, seu governo foi responsável por executar 21% da travessia e os veículos já conseguiram passar pela ponte com a obra 95% finalizada.
O último pagamento realizado para a construção ocorreu em novembro de 2020. Nestes 23 meses ocorreram 23 pagamentos. No período foram desembolsados R$ 167,96 milhões. É como se a cada mês fossem repassados aproximadamente R$ 7,3 milhões.
Como a obra ainda não está finalizada, a gestão do presidente Bolsonaro conseguirá acrescentar mais 5% no percentual de execução sob sua responsabilidade, encerrando com 26% de conclusão. A previsão aponta que o atual governo ainda investirá R$ 71 milhões e chegará a repassar R$ 239 milhões para a travessia
E o caminho ainda será longo, pois, para as obras conseguirem ser retomadas, será necessário reassentar aproximadamente 600 famílias que hoje moram às margens da Rua Voluntários da Pátria. Suas casas impedem a construção das últimas quatro alças que compõem o projeto original da ponte e que permitirá, por exemplo, que veículos que saem do centro de Porto Alegre consigam usar a nova travessia, sem precisar ficar na dependência dos içamentos do vão móvel.