Mais um empecilho surge na tão sonhada ampliação da pista do aeroporto Salgado Filho. Agora, o risco é não haver recurso disponível se as obras não forem concluídas até dezembro de 2021.
O alerta foi feito pela CEO da Fraport. Em entrevista ao Gaúcha Atualidade desta terça-feira (1), Andreea Diana Pal manifestou preocupação com a demora na retirada das famílias que ainda residem em um trecho de 250 metros onde a obra ainda precisa iniciar.
- Estamos em permanente contato com prefeito, com o Demhab (Departamento Municipal de Habitação). Eles estão apoiando mais que possível. Há muitos problemas ainda por que os trabalhos ocorrem ainda em homeoffice. O que nos ajudaria era voltar ao normal (operação dos órgãos públicos), mas sabemos que isso ainda deve se prolongar - avaliou Andreea.
Para que a obra avance a pleno, 84 famílias ainda precisam sair da área do aeroporto. Parte delas se mudará em até três semanas. Mas a maior quantidade de casas ainda vai permanecer por mais tempo, pois há famílias que ainda não chegaram a um acordo ou que apresentam problemas com documentações.
A Caixa Econômica Federal é quem participa da assinatura dos contratos para a transferências das famílias. E a Justiça Federal é quem coordena as audiências que definem os acordos. Sem a conclusão deste trâmite anterior, não há como realizar as mudanças.
Com o movimento em baixa no terminal - a queda no número de passageiros foi de 82% em agosto -, com a dificuldade das empresas áreas fazerem os pagamentos pelo uso do aeroporto por causa da diminuição dos voos, a principal fonte de arrecadação da Fraport é o financiamento com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que está disponível até dezembro de 2021, prazo previsto para término das obras.
Uma das formas de renegociação de prazos e de recursos já está sendo discutido com a Agência Nacional da Aviação Civil (Anac). No contrato há uma cláusula de equilíbrio econômico-financeiro que é aplicável a essa situação vivenciada com a queda expressiva do número de passageiros, de acordo com a CEO da Fraport. Porém, a empresa aguarda uma resposta imediata
- Se chegarmos ao final de 2021 e não conseguimos usar o dinheiro, depois a gente já não tem outro dinheiro. A situação é bastante crítica - revela Andreea.
Enquanto isso, a Fraport renegociou contratos de empresas terceirizadas. Reduziu em 600 pessoas o número de pessoas no terminal como forma de enfrentar a crise.
A expectativa para setembro é melhor. Intenção é reduzir a queda no número de passageiros para 70%. Uma das formas para que isso ocorra depende do governo federal. Andreea lembra que Porto Alegre é a única capital brasileira com aeroporto internacional que ainda não recebe voos de fora do Brasil. O governador Eduardo Leite e o ministro de Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, já foram comunicados sobre essa peculiaridade e a Fraport aguarda que este quadro seja revertido.