Quase quatro meses depois, as obras da nova ponte do Guaíba foram retomadas no trecho do Canal Furado Grande, entre a Ilha do Pavão e Ilha Grande dos Marinheiros, em Porto Alegre. A movimentação foi percebida na terça-feira (23) pelos moradores que aguardam reassentamento. Procurado, o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) apenas informou, genericamente, que as obras nos 7,3 quilômetros da nova ponte estão em andamento.
"O Dnit informa que as obras da Nova Ponte do Guaíba não foram paralisadas em nenhum momento e seguem com ritmo normal de execução, com 85% dos serviços concluídos", diz a nota da autarquia.
Os trabalhos estavam suspensos no local desde 2 de abril. Em 29 de março, a Ecoplan Engenharia - contratada para fazer a supervisão da construção - oficiou o Dnit avisando que o trecho foi construído fora dos parâmetros exigidos em edital.
Em junho, o departamento autorizou o consórcio, formado pelas empresas Queiroz Galvão e EGT Engenharia, a retomar parcialmente os trabalhos no trecho de 200 metros. Mesmo com essa autorização, o Dnit ainda não decidiu se o trecho terá ou não que ser corrigido. Enquanto ainda avalia o que irá fazer, autarquia determinou que o consórcio execute a instalação de novas vigas na estrutura.
A autorização atende pedido das empresas. O consórcio afirma que ainda há serviços a serem feitos mesmo que, no futuro, o Dnit decida por elevar essa parte da ponte. A retomada dos trabalhos evitaria atrasos ainda maiores no cronograma das obras, segundo o consórcio.
O caso vem sendo acompanhado pelo procurador da República Enrico Rodrigues. Também em junho, o Núcleo de Controle da Administração do Ministério Público Federal (MPF) instaurou um procedimento chamado Notícia de Fato, para avaliar se houve alguma irregularidade na decisão de construir o trecho mais baixo do que o determinado no edital. Se o procedimento aberto pelo Dnit não esclarecer os fatos, o procurador informa que poderá usar a equipe técnica do Ministério Público Federal.