Você já ouviu falar do legado da Copa do Mundo, certo? Essa foi uma expressão usada pela administração de José Fortunati quando a prefeitura de Porto Alegre percebeu que não conseguiria terminar a tempo a maior parte das obras projetadas para junho de 2014.
Desde então é legado pra cá, legado pra lá. Nos disseram que a copa passaria e as obras ficariam. E eles não estavam mentindo. Já são mais de cinco anos de transtornos nas avenidas Ceará, Cristóvão Colombo, Anita Garibaldi, Avenida Tronco, Voluntários da Pátria, etc.
"Quando a obra da Avenida Ceará ficará pronta?" Perdi a conta da quantidade de vezes que me abordaram fazendo esta pergunta.
“E por qual motivo nada acontece na Cristóvão Colombo?” Mais um par de explicações para dizer que a prefeitura precisa relicitar o final da obra.
Projetos desenvolvidos a toque de caixa foram feitos na gestão Fortunati para que se enquadrassem nos encargos da Fifa. Licitações desertas, empresas com problemas financeiros, terrenos usados indevidamente por estabelecimentos comerciais, demora na remoção de famílias foram outros motivos para os constantes adiamentos.
Na gestão Fortunati até uma obra não finalizada foi inaugurada nas vésperas da eleição municipal. E a trincheira da Anita segue ainda hoje inconclusa. Até um desvio de um desvio de obra foi criado recentemente para amenizar a vida do motorista.
Aí a crise se apresentou. Cofres raspados e prefeitura endividada, que resultou em obras paradas. Os dois primeiros anos da administração Marchezan foram usados para tentar retomar o que já se tinha iniciado. Veio 2018 e as obras recomeçaram: Ceará, Anita, Tronco. Promessas foram renovadas.
O governo até viabilizou a reengenharia financeira para a retomada das obras. Ou seja, não faltou dinheiro. A avenida Tronco, por exemplo. A prefeitura conseguiu R$ 15 milhões para serem usados especificamente no reassentamento das famílias.
O martírio estava perto do fim? Os porto-alegrenses deixariam de transitar por inúmeros canteiros de obra? Parecia.
Mas então veio agosto e o ritmo dos trabalhos começou a sofrer redução. Cobrada, a prefeitura anunciava: “um calendário atualizado das obras será conhecido nos próximos dias”.
Os dias viraram semanas. Que viraram meses. Agora, questionada novamente sobre a trincheira da Ceará, por exemplo, a prefeitura se limita a dizer que, por enquanto, não está divulgando a estimativa de entrega. E a obra segue lá com meia dúzia de operários fazendo “pequenos ajustes” desde setembro.
De legado para relegados. Está na hora de, enfim, resolver o problema. O porto-alegrense já está cansado de ouvir desculpas.