Previstas para serem entregues antes da Copa de 2014 no Brasil, melhorias de mobilidade urbana seguem em andamento — como em um jogo em que a prorrogação já dura mais do que o tempo normal.
A previsão da prefeitura é concluir nove projetos de mobilidade urbana entre o mês de setembro deste ano e junho de 2020 _ seis anos depois do torneio no Brasil, quando a duplicação da Avenida Tronco deve ficar pronta. A demora na execução das intervenções, desde a gestão municipal anterior, provoca desgosto em moradores e comerciantes que acompanham a competição na Rússia ao lado de canteiros de obras ainda abertos. Confira depoimentos de quem ainda aguarda as melhorias prometidas.
À espera da duplicação da Avenida Tronco
"Essa obra começou com o compromisso de estar concluída para a Copa de 2014. Nós estamos em 2018 e não foi concluída. Isso trouxe uma frustração, porque a comunidade aqui da grande Cruzeiro entende essa obra como uma evolução da cidade, uma evolução da região, mas que hoje sofre as consequências de uma paralisação. Hoje o que tem são buracos, ratos, baratas, mosquitos que acabam prejudicando todos os moradores, especialmente aqueles que vão ao posto de saúde. A paralisação representou um prejuízo grande para os comerciantes, que perderam mais de 50% de suas vendas, e para os moradores."
Michael Santos, 40 anos, comerciante
Expectativa frustrada na Cristóvão Colombo
"Ao longo de cinco anos, a gente vem sofrendo as consequências da irresponsabilidade dos nossos governantes, dos administradores da nossa cidade. A obra começou em 2013, deveria ter sido concluída até 2014, e há dois anos está em uma situação de abandono. A escola Amigos do Verde cedeu seis metros para a obra, e temos de conviver com esgoto, ratos nas calçadas, falta de luz e de telefone às vezes. Nossa expectativa era de que ficasse pronta pelo menos até 2016, mas está no meio do caminho em 2018, sem solução ou expectativa. Já entramos em contato com o Ministério Público, tivemos reuniões com a prefeitura, e nada acontece."
Silvia Carneiro, diretora de escola
Tapumes na trincheira da Ceará
"Nos últimos anos passamos por várias obras, mas essa tem causado o maior transtorno e o maior prejuízo para os comerciantes da região. A principal pergunta é: como conviver com tapumes na frente do teu negócio por quatro anos? A expectativa inicial era de crescimento, porque toda obra é bem-vinda para a cidade, era de que houvesse melhor acesso à região, mas ninguém imaginou que uma obra prevista para 2014 continuasse na Copa da Rússia e, talvez, falemos desse assunto na Copa seguinte. A palavra a ser utilizada é frustração."
Luis Fernando Cardoso, 44 anos, comerciante