Com a iminência de uma terceira onda da pandemia, e que pode ser mais devastadora, manifestantes saíram às ruas em mais de 180 cidades, no último sábado (29), para protestar contra as políticas do governo federal: a falta de vacinas, o negacionismo e um auxílio de R$ 600 eram algumas das pautas. Organizado por centrais sindicais e outros movimentos, o protesto que levou milhares de pessoas às ruas tinha um argumento motivador: arriscar-se em aglomerações, pois o presidente Bolsonaro é muito mais nocivo do que o vírus da covid-19.
Apesar da pressão nas ruas e com a popularidade de Bolsonaro despencando, é consenso dos analistas políticos que o impeachment parece estar longe. No entanto, a ocupação das ruas contra Bolsonaro enfraquece o governo que segue minimizando as manifestações ou debochando dizendo que faltou “erva” (referindo-se à maconha) para os manifestantes encherem as ruas.
O fato é que as ruas encheram. E se antes elas eram territórios apenas de seus apoiadores, agora ganham o corpo robusto da oposição. Ainda não sabemos o impacto dessas mobilizações no cenário político. A estratégia de Bolsonaro continua sendo a mesma: agradar seus poucos e fanáticos apoiadores com seus já conhecidos alinhamentos ultradireitistas e ameaças à democracia.
Bolsonaro está no seu pior momento. Acuado e cada vez mais na mão do Centrão, além de ter de lidar com a presença de Lula à frente das pesquisas para o pleito de 2022. O tabuleiro político pode mudar de repente, mas as manifestações desse final de semana demostram que grande parte da população não suporta mais um governo que escolheu a morte como estratégia. Não se pode mais ignorar os mais de 460 mil mortos. Os protestos revelam o anseio de mudança e que o país precisa de um presidente que privilegie a vida.