Esta é uma coluna triste. Não me sai da cabeça a trágica morte da professora Elisabeth Tenreiro. Não me sai da cabeça o significado da morte desta professora de 71 anos, esfaqueada por um aluno na Escola Estadual Thomazia Montoro, em São Paulo. Não normalizemos esta perda. Porque se trata de alguém que ainda foi capaz, como último ato de sua existência, de proteger seus alunos.
A morte da professora Elisabeth Tenreiro nos diminui enquanto sociedade. Nos torna menores. Expõe nossa derrota diante de uma escalada de violência, de discursos de ódio, de racismo, misoginia e homofobia. Perdemos todos com a morte de uma professora. Porque com sua morte morre também nossa crença de que a sociedade pode melhorar. Morre com ela nossa esperança de que podemos formar boas pessoas.
Um professor se torna professor não porque não deu certo na vida, mas porque acredita que pode mudar alguma. Os professores são a última barreira antes da barbárie. Quando esta barreira é derrubada, todos nós caímos.
A escola é o lugar de formação de pessoas. Um lugar de aprendizado para o convívio em sociedade. No entanto, algo está falhando nesse modelo. O que estamos fazendo de errado? O que leva um adolescente de 13 anos a cometer um crime tão brutal? Que ódio é esse para alguém que mal conhece a vida?
Falhamos todos. Falhamos porque naturalizamos a violência. A educação não tem chegado aonde deveria chegar. Penso agora nos milhares de professores que, dia após dia, têm de enfrentar as situações mais adversas. Quando fui professor de escolas públicas, presenciei cenas lamentáveis de violência entre alunos. Vi agressões, separei brigas e mediei conflitos.
No entanto, quando decidimos pela docência, ninguém nos avisa que podemos ser agredidos por alunos. E em meio a todo esse cenário sombrio, ainda fazemos o que nos propomos a fazer, todos os dias, quando nos levantamos da cama, às seis da manhã: ensinar.
Esta é uma coluna triste. Sei que a tristeza faz parte da vida. Por outro lado, me recuso a acreditar que a vida é assim, me recuso a acreditar que não podemos mudar. Que não podemos fazer algo. Porque é esse sentimento que nos move e que não nos faz desistir. Nossa colega Elisabeth se foi, mas os professores seguirão, ainda que tristes, ainda que diminuídos, porque sempre haverá um professor Henrique, uma professora Rejane, uma professora Claudete, um professor Renato, uma professora Márcia que seguirão na linha de frente.