Caros leitores, esta é a minha última coluna no Segundo Caderno de GZH. Por mais de dois anos estive ocupando este espaço semanalmente, discutindo política, cultura e comportamento. Neste período, aprendi a observar mais a sociedade e a refletir sobre ela. Ganhei um ritmo de escrita importante para quem escreve ou vive de produzir textos.
Pensar em temas semanais para uma coluna não é uma tarefa fácil e exige um olhar atento e responsável, pois quando se emite opiniões de determinado lugar é necessário estar sempre ancorado na ética e no bom senso.
Em dezembro de 2020, recebi o convite para o integrar o time de colunistas, na época havia me tornado patrono da Feira do Livro de Porto Alegre, e meu romance, O Avesso da Pele, recém havia sido lançado. De lá pra cá, muitas coisas aconteceram: tornei-me colunista de outros veículos, veio o Prêmio Jabuti, participação em festas literárias, convite para lecionar fora do país, além da confecção de um novo romance. Atividades que me exigem muito.
Todas essas questões pesaram para que eu tomasse a difícil decisão de parar de escrever para o Segundo Caderno. Difícil porque justamente gosto de pensar a cultura com os leitores. É um exercício constante e diário. Meu maior aprendizado como colunista semanal foi o de compreender que as ideias para a escrita vinham justamente quando eu prestava atenção na vida, o que parece quase uma obviedade, mas às vezes nos esquecemos de que a vida está sempre acontecendo.
Nesses anos, recebi muitos retornos das leituras de minhas colunas. Enfrentamos o início e o arrefecimento da pandemia, eleições e as mudanças culturais. Com a visibilidade veio também momentos de críticas de leitores que discordavam de minhas ideias, mas que, desde que permanecessem dentro do jogo democrático, foram sempre bem-vindas.
Em minha decisão também pesou o fato de que é preciso dar lugar, de tempos em tempos, para outras vozes, outras perspectivas. Oxigenar o debate de ideias. É importante para o crescimento intelectual de uma sociedade que mais vozes se juntem para que a diversidade de pensamento seja efetiva e saudável.
Quero agradecer aos meus editores Renata Maynart, Fábio Prikladnicki e Ticiano Osório pela parceria e troca de ideias nesse período. Agradecer também a todos os leitores que reservaram um pouquinho do seu tempo para ler minhas colunas e que se entusiasmavam com elas. Também aqueles que me escreviam dando suas impressões de leitura ou o carinho que recebi de pessoas na rua falando sobre meus textos.
Sentirei falta.