Os “pigmeus do Senado”, como são chamados pelo ministro Gilmar Mendes, aprovaram a nomeação de Flávio Dino para reforçar a célula política em que se transformou o Supremo Tribunal Federal. Há 129 anos o governo não perde numa votação dessas: ganhou mais uma vez. Muda alguma coisa? Muda para pior, levando-se em conta que o novo ministro é uma agressão ambulante à liberdade.
Como ministro da Justiça de Lula foi o marechal-de-campo da repressão política. É um inimigo da livre expressão, que considera uma atividade análoga à delinquência social. Sua cabeça gira em torno das ideias de proibir, punir, prender, cassar, indiciar. Mas nada disso realmente altera o produto da operação. A grande maioria dos outros ministros é igual a ele; uns até fingem que não são, mas na hora de decidir dá na mesma.
Não só votou a favor de Flávio Dino, quando teria a obrigação de votar contra, mas quis esconder seu voto
O Brasil não tem, há pelo menos cinco anos, um Tribunal Superior de Justiça como se exige em todas as democracias. O que há é um partido político totalitário, que se juntou com o presidente da República e o seu sistema para governar o Brasil em um consórcio fechado. Dino vai tornar o STF mais extremista do que é na perseguição à “direita”, na anulação das leis que o Congresso aprova e a esquerda não admite e na sua guerra permanente contra os direitos individuais e as liberdades públicas.
Mas o Supremo, no seu todo, continua tão morto como estava na sua condição de provedor de justiça para o país e de protetor para a Constituição. É difícil que fique mais morto. Lula e seus sócios tinham 8 a 2 no plenário. Agora têm 9 a 2. Vão continuar mandando num regime que não tem povo, não tem ordem jurídica e não tem nada para lhe dar suporte fora do Exército – e de uma manada de pigmeus políticos que estão à venda em tempo integral.
A estatura real dessa aglomeração de apoio à Lula pode ser medida pelo senador Sergio Moro. Não só votou a favor de Flávio Dino, quando teria a obrigação de votar contra, mas quis esconder seu voto – e, pior que tudo, não conseguiu. Uma imagem captada na tela do seu celular provou qual foi realmente a sua conduta: com medo da indignação em massa das redes sociais (essas que o novo ministro quer censurar), Moro fugiu para o esconderijo do voto secreto.
O senador do Paraná está querendo ver se salva o próprio couro – está na lista dos 10 mais procurados pela Gestapo eleitoral operada hoje no STF e seus inimigos estão com “sangue nos olhos”, como diria Alexandre de Moraes. Quem sabe concordem em comutar sua pena – de cassação do mandato para serviços forçados em favor do governo? É essa a democracia que foi salva por Lula e pelo STF.