Neste dia 1º de outubro, completa-se um mês que o X saiu do ar no Brasil. Quem ainda lamenta a falta da rede social?
O X já tinha virado uma rede tóxica, com muito discurso de ódio, ataques pessoais covardes e desinformação. O Brasil somava cerca de 22 milhões de usuários. Muitos deles já estavam decepcionados — e até enojados — especialmente depois que Elon Musk comprou a rede, em outubro de 2022. Uma das primeiras providências do bilionário sul-africano foi passar a vender o selo de verificação de contas (R$ 42 por mês no Brasil). Nos meses seguintes, 80% dos funcionários da empresa seriam demitidos, incluindo boa parte do time que fazia a moderação dos conteúdos.
Foi quando começou a proliferar a poluição neste oceano, coabitado por memes em profusão e, sim, também por informações verdadeiras e de utilidade pública.
O X é um canhão para a divulgação de notícias e de serviço. Para muitos veículos de comunicação, era onde notícias de última hora eram disparadas primeiro. Também era o canal prioritário para organizações como Defesa Civil, Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) e EPTC informarem a população sobre situações de calamidade, previsão do tempo e bloqueios de trânsito, respectivamente.
É por isso que, apesar de toda a poluição, o X ainda era, para muitos brasileiros, uma importante fonte de informações, seja do que está acontecendo no bairro ou no Oriente Médio.
— Eu sinto que gasto um tempo monumental pra saber de coisas que cinco minutos de Twitter resolviam. Preciso pesquisar informação que antes só caía no meu colo. Voltei a rotina de ler vários jornais, por exemplo. Ontem passei a manhã ouvindo avião dando rasante no bairro e não sei até agora o que foi. No Twitter eu faria a pergunta e em cinco minutos teria resposta detalhada — relata o jornalista e tradutor André Czarnobai. — Mas última coisa que pretendo fazer é chorar por não poder entrar em rede social.
Há um mês, a jornalista Clarissa Barreto sofria de abstinência e reclamava que criar uma timeline é um trabalho de anos. Hoje, se diz “habituada” ao Bluesky e mais: “não pretendo voltar, não” para o X.
— Quem eu gosto de seguir no geral foi pro Bluesky. Perdi seguidor, engajamento, mas também não ligo muito. Não sei quanto tempo vai durar, mas vou aproveitar essa paz. Agora já me acostumei sem o Twitter e sou mais feliz assim — diz ela.
Bluesky foi a rede que mais se beneficiou do bloqueio
O Bluesky foi a rede que mais se beneficiou do bloqueio do X. Praticamente dobrou o número de seguidores em setembro — só nos três últimos dias de agosto, ganhou 1 milhão de usuários e, no último dia 15, bateu nos 10 milhões.
Já a Threads, plataforma da Meta que surgiu como um possível concorrente do então Twitter há pouco mais de um ano, vem se consolidando como um repositório de... THREADS mesmo, ou seja, fios: uma série de postagens curtas em sequência para contar uma história.
E até o Tumblr tirou uma casquinha; segundo o TechCrunch, essa plataforma cresceu 350% em número de usuários desde 31 de agosto.
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