O primeiro sintoma é o dedo nervoso, que segue atraído como um ímã para o ícone preto cinco, seis ou até 10 vezes por dia.
O segundo é achar que não sabe mais o que está acontecendo no mundo da porta de casa para fora.
O terceiro é recorrer ao Instagram, apenas para constatar com frustração que ele não dá o mesmo barato das lacrações respondidas em tempo real.
Pois é, você está em abstinência do X.
A má notícia é: não, o Threads e o Bluesky (que ganhou 1 milhão de usuários no Brasil em 48 horas) não vão suprir essa carência.
– Criar uma timeline é um trabalho de curadoria desgraçado que leva ANOS. Agora fico recebendo histórias insuportáveis no Threads – diz a jornalista Clarissa Barreto. – Tu formas uma timeline, treina um algoritmo, segue pessoas, cria uma comunidade.
– Embora eu seja a favor da decisão da Justiça, sinto que perdi uma fonte muito importante de conexão com o mundo. O Instagram é um complemento e tem ajudado, mas o Twitter (atual X) era muito melhor – pondera o escritor e tradutor André Czarnobai.
Czarnobai é gaúcho, radicado em São Paulo há anos. Não foi o único que perdeu conexão com o mundo:
– Conversei com pessoas ontem (domingo) que nem souberam que teve apagão de três horas em São Paulo no sábado.
“Senhor, conceda-me a serenidade para aceitar aquilo que não posso tuitar, a coragem para postar o que me for possível e a sabedoria para saber discernir entre as duas”
@MARIOCARAUJO.BSKY.SOCIAL
Por outro lado, pelo menos ele ganhou horas de vida real. Passou “30% menos tempo na internet esse fim de semana por causa disso”.
Mas e os outros “microblogs”?
– Tenho conta nos dois (Threads e Bluesky). Nunca entrei, nem vou.
O X foi bloqueado no Brasil no final da tarde da última sexta-feira, por ordem do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. Dias antes, ele havia intimado a empresa de Elon Musk a pagar R$ 18 milhões em multas por não suspender perfis considerados criminosos.
Musk não pagou a conta, fechou o escritório brasileiro e desligou os funcionários que tinha aqui, para que não se cumprisse a ameaça de prisão da representante da empresa. Moraes, então, partiu para o bloqueio total da rede social, que tem 22 milhões de usuários no Brasil.
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