O governo brasileiro assinou nesta semana um acordo com a maior pretendente a concorrer com Elon Musk no mercado de internet via satélite: a chinesa SpaceSail. A promessa de cooperação da estatal brasileira de telecomunicações, a Telebras, com a fabricante de satélites foi fechada durante a passagem do presidente da China, Xi Jinping, pelo Brasil, na última quarta-feira (20).
É muito mais um recado político do governo Lula do que um negócio comercialmente promissor. Senão, vejamos:
- Musk passou meses desafiando a lei brasileira ao descumprir ordens do Supremo Tribunal Federal (STF) entre agosto e outubro deste ano;
- Na semana passada, o bilionário foi anunciado ministro da “eficiência governamental” do futuro presidente dos EUA Donald Trump;
- E ainda por cima, foi assinado apenas quatro dias depois de a primeira-dama Janja mandar Elon Musk se f(*).
A SpaceSail é uma empresa estatal chinesa de internet via satélite. O plano é colocar em órbita baixa 15 mil satélites até 2030 mas, por enquanto, há 36 no espaço. A Starlink, de Musk, já lançou cerca de 6,5 mil e tem metade do mercado brasileiro de conexão via satélite — são 224,5 mil clientes no Brasil, um terço na Região Norte. Ou seja, vai demorar muito até que tenha uma estrutura para concorrer com a norte-americana.
Os chamados satélites geoestacionários orbitam a Terra a uma altura de 550 quilômetros da superfície. É pouco menos da metade da distância em que ficam os demais satélites de comunicação, e por isso a conexão de internet que fornecem é mais rápida. Além disso, por não depender de cabos de fibra ótica, são a melhor solução para conectar áreas remotas.
Só que ainda não há prazo para a SpaceSail iniciar a operação no Brasil. A empresa ainda tem de abrir um CNPJ brasileiro e obter autorização da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) para prestar serviços aqui.
Segundo o presidente da Telebras, Frederico Siqueira Filho, o memorando de intenções prevê que a estatal coloque sua infraestrutura (datacenters e redes de fibra ótica) à disposição dos chineses para iniciar a operação.
Os governos brasileiro e chinês começaram a costurar o acordo em agosto deste ano, segundo a BBC – mês em que Elon Musk fechou o escritório da rede social X no Brasil para evitar punição a executivos e se negou a pagar multas determinadas pelo ministro do STF Alexandre de Moraes. A queda de braço culminou com a suspensão do acesso ao X no país por mais de um mês.
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