O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) será interrogado pela Polícia Federal (PF) nesta quinta-feira (22) em Brasília, sobre a suposta tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022. O depoimento está no bojo da operação Tempus Veritatis, na qual a PF investiga uma trama para impedir a posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Outros 24 envolvidos serão ouvidos, na Capital Federal e nos Estados do Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Espírito Santo e Ceará. Entre os depoentes estão quatro ex-ministros bolsonaristas, além de duas dezenas de assessores próximos a Bolsonaro.
Chama a atenção que todos serão ouvidos em separado, uns dos outros. Essa é uma tática usada universalmente por policiais. É adotada para dificultar combinações e para que os interrogados não saibam o que os outros disseram. A expectativa de quem interroga sempre é que, pressionado, alguém fale em detalhes sobre crimes praticados, por ele ou pelos outros. Algo quase impossível quando todos são ouvidos ao mesmo tempo, pelo constrangimento.
E que garantia existe de que os interrogados não combinaram versões antes do interrogatório? Nenhuma, mas algumas precauções foram tomadas pelos policiais. A PF conseguiu, na Justiça, direito de que os investigados não se aproximem e nem se comuniquem com outros investigados. Ou seja, dificulta a construção de histórias fictícias. E sempre há esperança de que algum dos interrogados se candidate à colaboração premiada, delatando companheiros. Necessário lembrar que a operação Tempus Veritatis é embasada na delação do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, tenente-coronel Mauro Cid.
Quanto ao principal interrogado, difícil surgirem novidades. Os defensores de Bolsonaro já adiantaram que ele só falará se tiver acesso às mensagens recuperadas pela PF nos celulares dos aliados dele (os demais interrogados). A autorização para isso foi dada segunda-feira (19) pelo Supremo Tribunal Federal (STF), mas é provável que os advogados ainda não tenham lido e recomendem silêncio ao ex-presidente.
Confira a lista dos depoentes:
BRASÍLIA
Jair Bolsonaro (ex-presidente)
Augusto Heleno (general e ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional)
Anderson Torres (ex-ministro da Justiça)
Marcelo Costa Câmara (coronel do Exército)
Mário Fernandes (ex-ministro substituto da Secretaria-Geral da Presidência)
Tércio Arnaud (ex-assessor de Bolsonaro)
Almir Garnier (ex-comandante geral da Marinha)
Valdemar Costa Neto (presidente do PL)
Paulo Sérgio Nogueira (ex-ministro da Defesa)
Cleverson Ney Magalhães (coronel do Exército)
Walter Souza Braga Netto (ex-ministro e ex-candidato a vice na chapa de Bolsonaro)
Bernardo Romão Correia Neto (coronel do Exército)
Bernardo Ferreira de Araújo Júnior e Ronald Ferreira de Araújo Junior (oficiais do Exército).
RIO DE JANEIRO
Hélio Ferreira Lima
Sérgio Ricardo Cavaliere de Medeiros
Ailton Gonçalves Moraes de Barros
Rafael Martins Oliveira
SÃO PAULO
Amauri Feres Saad
José Eduardo de Oliveira
PARANÁ
Filipe Garcia Martins
MINAS GERAIS
Éder Balbino
MATO GROSSO DO SUL
Laércio Virgílio
ESPÍRITO SANTO
Ângelo Martins Denicoli
CEARÁ
Estevam Theophilo, general (esse depoimento é o único marcado para sexta-feira)