A jornalista Carolina Pastl colabora com a colunista Gisele Loeblein, titular deste espaço.
De uma reunião organizada pela Câmara Setorial do Trigo da Secretaria Estadual da Agricultura nesta sexta-feira (8) saiu um pedido do setor produtivo por novas medidas à Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Com o objetivo de garantir o preço mínimo pago pelo trigo no Estado, a iniciativa busca complementar a possibilidade de compra de até 200 mil toneladas do cereal do Estado na modalidade Aquisição do Governo Federal (AGF) anunciada na quinta-feira (7) pela autarquia. A solicitação da câmara setorial será formalizada e encaminhada na próxima semana ao governo federal.
O coordenador, Tarcísio Minetto justifica a decisão:
— A medida divulgada na quinta é louvável, mas restrita e complexa de ser executada.
Entre essas dificuldades, está a abrangência do auxílio. Segundo a Federação da Agricultura do Estado (Farsul), o volume possível de ser adquirido corresponde a menos de 10% da colheita. Também há dificuldade das cooperativas, que recebem cerca de 50% a 60% do trigo colhido no Estado, participarem desse mecanismo. Isso se deve à pouca representatividade nos armazéns credenciados. Outra questão apontada pelo setor é a de que, dos 45 armazéns cadastrados pela Conab, apenas 16 já estariam liberados para fazer a armazenagem.
Entre as sugestões de medidas de apoio, o setor cita os instrumentos de Prêmio Equalizador Pago ao Produtor Rural (Pepro) e de Prêmio Para Escoamento do Produto (PEP) como mais abrangentes para a aquisição do cereal.
— É que o volume de 200 mil toneladas fica restrito a poucos produtores. Poderia se pensar no Pepro ou no Pep para ser mais abrangente. Com eles, também se usaria menos recurso de subvenção para a aquisição — esclarece Minetto.
Enquanto com a AGF o pagamento é integral do preço mínimo do cereal, com o Pepro, a Conab paga apenas a diferença entre o preço praticado e o mínimo.
Em relação ao PEP, a solicitação é com vistas ao escoamento da produção do trigo de baixa qualidade — que deve crescer nesta safra, em razão do excesso de chuva.
Em nota, a Conab informou à coluna que "está definido pelo governo que o instrumento de apoio ao setor do trigo é AGF para a formação de estoques. Os recursos disponíveis são para aquisição e não para a subvenção."