A jornalista Carolina Pastl colabora com a colunista Gisele Loeblein, titular deste espaço.
Medidas relacionadas à operação da Centrais de Abastecimento do Estado (Ceasa-RS) são o fio condutor de uma mobilização que pede a saída do atual presidente, Carlos Siegle. Produtores, atacadistas e clientes estão coletando assinaturas para um abaixo-assinado. O documento deve ser entregue na próxima semana ao titular da Secretaria de Desenvolvimento Rural, pasta da qual faz parte.
De acordo com o presidente da Associação dos Produtores da Ceasa-RS, Evandro Finkler, 600 assinaturas já foram coletadas. Ele argumenta que "o produtor e o cliente estão descontentes":
— A gota d'água foi ter fechado a Ceasa em uma dia em que estava previsto um ciclone que acabou não ocorrendo. Era o dia mais forte de movimento.
O presidente da Associação de Atacadistas da Ceasa-RS, Sérgio Di Salvo, no entanto, informou à coluna que a entidade não concorda com o abaixo-assinado.
Além da substituição do presidente, obras para a melhoria da infraestrutura do complexo e o estabelecimento de um horário único para atacadistas, produtores e clientes, sem o pagamento do tíquete, são outras demandas do abaixo-assinado. Conforme a própria Ceasa-RS, com relação às obras, são necessários R$ 60 milhões para a recuperação do espaço atingido pela enchente — e que estão sendo levantados.
Siegle reconheceu o movimento como "legítimo", mas informou à coluna não ter sido procurado para falar sobre insatisfações:
— Gostaria muito que a associação viesse falar comigo antes. Não houve movimento nesse sentido.
Sobre o episódio do ciclone, o presidente da Ceasa explica que o objetivo do fechamento foi "preservar vidas":
— Em janeiro, tivemos um vendaval aqui onde quatro avanços de estacionamento voaram. Ninguém se machucou porque era um dia de baixo movimento, à noite.
Algumas semanas antes, a mudança no horário de comercialização na Ceasa também havia sido alvo de reclamações. Segundo a secretaria, a presidência e os produtores, o impasse foi resolvido com o pedido de antecipação da abertura dos portões atendido.
Atualmente, a Ceasa possui 1,5 mil produtores cadastrados e 300 empresas atacadistas. Nas quintas-feiras, dia de maior movimento, chega a circular 30 mil pessoas no complexo.
Siegle está desde 2023 à frente do complexo. O cargo que ocupa é de confiança, quem escolhe é o governo do Estado — a indicação dele foi feita na gestão do então secretário de Desenvolvimento Rural Ronaldo Santini.
Atual titular da pasta, Vilson Luiz Covatti, diz que analisará o documento e o encaminhará à Casa Civil.