Por Ricardo Gomes, vice-prefeito de Porto Alegre
A essência da gestão pública é medida pelo impacto que as ações governamentais têm sobre a vida dos cidadãos. Embora o poder público deva interferir o mínimo no privado, ele tem o papel de prover o ambiente para que as pessoas criem os caminhos. Nessa atuação desempenhada em um mandato, há três tipos de legados para a sociedade.
O primeiro deles, o legado permanente, representa iniciativas que se inscrevem na história e que são perenes. A privatização da Carris, por exemplo, abre caminhos para uma gestão mais eficiente dos serviços de transporte público, simbolizando um divisor de águas na mobilidade urbana de Porto Alegre.
Já o legado efêmero consiste em decisões que podem ser facilmente revertidas, como decretos e ordens internas. Nesses casos, o cuidado e a atenção do gestor devem ser constantes, sob pena de se perderem os resultados. Isto reforça a importância da participação ativa da população para que progressos sejam sustentados.
A cidade, que já foi marcada por ideias de esquerda, hoje é muito mais liberal e empreendedora
Mas há um legado duradouro, que talvez seja o mais significativo. Este tipo de herança transforma a cultura de um povo e muda, também, o comportamento político. Através de ações simbólicas e consistentes surge uma nova mentalidade. A Lei da Liberdade Econômica e o incessante trabalho pela desburocratização simbolizam marcos essenciais no desenvolvimento econômico. Eles não apenas reduziram impostos e aumentaram a arrecadação, mas também fomentaram um ambiente de confiança e inovação entre os empreendedores, produzindo uma nova forma de pensar. A cidade, que já foi marcada por ideias de esquerda, hoje é muito mais liberal e empreendedora.
Porto Alegre sobreviveu a duas tragédias em curto tempo, porém, a resiliência se sobressaiu. A economia está se levantando, e isso só é possível porque juntos construímos um ambiente de negócios favorável. E para buscar novas conquistas, a caminhada continua. “Isto não é o fim. Nem sequer é o começo do fim. Mas é, talvez, o fim do começo”, afirmou Winston Churchill. Que o fim desse ciclo seja o início de novos caminhos reforçando um legado duradouro de liberdade.