A jornalista Carolina Pastl colabora com a colunista Gisele Loeblein, titular deste espaço.
Efeito de um cenário adverso no campo, o número de pedidos de recuperação judicial por produtores que atuam como pessoa júridica no primeiro trimestre é o maior desde 2018 no Brasil. É o que aponta levantamento inédito do Serasa Experian. Conforme os dados, 76 produtores solicitaram o recurso para evitar falência neste ano. No mesmo período do ano passado, foram 33.
Gerente-executivo de Soluções Agro da Serasa Experian, Cesar Junior explica que as razões são as mesmas dos que atuam como pessoa física:
— Desde o ano passado, retrasado, os produtores vêm com diminuição significativa das margens operacionais. (Resultado de) um cenário de custos que se elevaram e não baixaram tanto e de commodities em queda (no preço).
No entanto, o diretor de Agronegócio da empresa, Marcelo Pimenta, afirma que o número não está associado a uma crise no setor:
— O número de pedidos é pequeno, e a maior parte dos produtores rurais segue operando normalmente. De todo modo, precisamos continuar incentivando a renegociação de dívidas ou soluções como o Fiagro Reorg (linha de crédito), que são formas mais amigáveis de retomar a estabilidade financeira.
O perfil dos números
- Os produtores sem propriedade, ou seja, aqueles considerados arrendatários de terras e pertencentes a grupos econômicos ou familiares relacionados ao setor, realizaram a maior quantidade de pedidos de recuperação judicial: 45 requisições
- Os produtores rurais pessoa jurídica que atuam nos segmentos de soja e de pecuária bovina foram os que mais demandaram por recuperação judicial, com 45 e 15 solicitações, respectivamente
- O Centro-Oeste foi a região que teve a maior procura dos produtores pessoa jurídica por recuperações judiciais
- O Estado do Mato Grosso liderou o ranking, registrando 26 demandantes e o Goiás, 14