A jornalista Bruna Oliveira colabora com a colunista Gisele Loeblein, titular deste espaço.
A retomada do mercado pecuário depois da pausa forçada pela enchente traz outro cenário para a dinâmica de preços do setor. As atividades voltam com redução de até 30% na precificação dos animais comerciais.
Para o leiloeiro e diretor da Trajano Silva Remates, Marcelo Silva, a cheia agravou um patamar de comercialização que já vinha em queda. A baixa se acentuou gradativamente depois das festas de fim de ano, e em março bateu valores "que mal remuneravam o produtor".
O leiloeiro observa três cenários distintos para os próximos meses, todos eles com impactos na rentabilidade dos criadores. Como consequência, os consumidores devem experimentar preços mais salgados na ponta final da cadeia.
— O preço da carne deve subir porque tivemos uma grande área de pastagens afetadas e a oferta de animais gordos no inverno deve reduzir. E aí entra o mercado — diz Silva.
Dentro da porteira, as perdas nas pastagens também devem encolher as áreas disponíveis para arrendamento, deixando de entrar uma verba importante na forma de trabalhar dos produtores. Outro efeito será na venda de reprodutores e de genética. Para os criadores que comercializam animais a partir de julho, a terminação dos exemplares tende a ficar mais cara devido à necessidade de suplementação na nutrição desses animais.
— Por isso, o custo para apresentar os animais na temporada de primavera vai ficar maior — antecipa o leiloeiro.